Título: Petrobrás vai reajustar o preço do diesel
Autor: Torres, Sérgio ; Tereza, Irany
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2012, Economia, p. B4

Alta na refinaria a partir de segunda-feira será de 6%, mas elevação de preço do combustível para o consumidor deverá ser menor, em torno de 4%

A Petrobrás anunciou ontem o reajuste de 6 % no preço de venda do diesel nas refinarias. O aumento - o segundo no prazo de apenas três semanas - vigorará a partir de segunda-feira, dia 16. Mas, ao contrário do aumento concedido em 22 de junho, que foi compensado por um corte tributário, desta vez haverá repasse para o preço final, pago pelo consumidor no posto.

De acordo com cálculo da Petrobrás, o impacto na bomba ficará em torno de 4%. Não houve qualquer menção a um aumento da gasolina. Há algumas semanas, o governo estuda o aumento da parcela do etanol na gasolina de 20% para 25%, como antecipou o Estado.

A companhia informou que o aumento foi definido "em consideração" à sua política de preços, "que busca alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazos".

O consultor Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, calcula que, com o reajuste de ontem, a defasagem do diesel em relação aos preços internacionais passará para 18%. O porcentual é, aproximadamente, o mesmo alcançado há 18 dias, quando o governo reduziu a Cide para elevar o preço do combustível na refinaria.

"A questão é que, desde então, o câmbio mudou e o preço do barril de petróleo no mercado internacional também. Isso fez com que a defasagem novamente se elevasse e hoje está no patamar de 23%", disse.

Segundo Pires, os dois reajustes do diesel juntos não correspondem ainda aos 15% que o mercado esperava para recompor as margens de caixa da Petrobrás, mas são um sinal positivo de mudança de atuação do governo. "Parece que o governo finalmente se sensibilizou para a importância do caixa da Petrobrás", afirmou, lembrando que o diesel tem peso maior no faturamento da companhia do que a gasolina.

Pires diz que a gasolina tem impacto direto na cesta de produtos que compõe o IPCA, indicador utilizado no acompanhamento da inflação oficial. O diesel integra a lista. Seu efeito na inflação se dá indiretamente, na cadeia que usa o produto. Como o transporte urbano e de carga utilizam diesel, há repasse do aumento ao consumidor final. Por isso, o reajuste do diesel impacta, por exemplo, o preço dos alimentos, um dos itens que mais pesam na inflação.

O impacto não é imediato, como o da gasolina. A evolução da inflação está dentro do que espera o governo, convergindo para o centro da meta, de 4,5%. Pelas última projeções do mercado, compiladas pelo Banco Central, o IPCA deve chegar ao fim do ano em 4,85%, resultado bem distante dos 6,5% de 2011.

O aumento foi recebido com surpresa pelo mercado, que já descartava a possibilidade de novo reajuste em tão pouco tempo. O presidente do Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom), Alísio Vaz, disse que o intervalo de quatro dias entre o anúncio e sua entrada em vigor pode criar "certo estresse" no mercado distribuidor por causa da gestão dos estoques.