Título: Uruguaia Pluna para de voar e deixa passageiros no Brasil sem informação
Autor: Gazzoni, Marina
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/07/2012, Negócios, p. B10

A companhia aérea uruguaia Pluna suspendeu ontem seus voos por tempo indeterminado, em uma decisão que afetou os passageiros brasileiros. A empresa oferece 80 voos semanais para Montevidéu, Buenos Aires, Punta de Leste e Santiago a partir de sete cidades brasileiras.

"A Pluna anuncia que todas as suas operações foram suspensas pelo proprietário da empresa, o governo do Uruguai. (...) A companhia entrará em contato com os clientes afetados por estas circunstâncias a fim de buscar a melhor solução", disse a empresa, em comunicado.

O governo uruguaio assumiu o controle da companhia aérea em 15 de junho, após desentendimentos com o antigo controlador, o fundo de private equity argentino Leadgate.

Segundo o jornal uruguaio El País, o fundo não quis capitalizar a empresa, desistindo de sua participação de 75% e deixando uma passivo de US$ 300 milhões (os outros 25% já pertenciam ao governo). Procurado, o fundo Leadgate não respondeu aos pedidos de entrevista.

O governo uruguaio ainda não definiu se vai encerrar completamente a operação da empresa. As autoridades do país afirmaram à imprensa local apenas que a prioridade é garantir o transporte aéreo ao Uruguai, mas não necessariamente com a Pluna.

Passageiros. A suspensão dos voos da Pluna já causou prejuízo aos brasileiros. A arquiteta Lílian Buonicontro ia viajar hoje para Buenos Aires, para passar as férias com o namorado. "Recebi um e-mail da empresa dizendo que a viagem foi cancelada. Liguei no call center de manhã e me disseram para ligar à tarde. Depois, não atenderam mais."

Para não perder as férias e nem os R$ 1,5 mil gastos em hospedagem, o casal gastou R$ 3 mil em passagens para Buenos Aires por outra companhia aérea, o dobro do valor pago pelos bilhetes da Pluna. "Assim que eu voltar, vou processar a Pluna e a agência que me vendeu a passagem", disse a arquiteta, que também protestou no site Reclame Aqui.

Já a família da analista de exportação Lílian Soares ficou sabendo da suspensão dos voos da Pluna pela imprensa. "A empresa sumiu. Não tinha ninguém no aeroporto nem no call center", disse a consumidora, que viajaria na segunda-feira para passar férias em Montevidéu e Buenos Aires, mas suspendeu a viagem.

Além dos R$ 1,6 mil que gastou com os três bilhetes de ida e volta da Pluna, a família Soares perdeu também US$ 170 que já pagou no translado de barco entre Buenos Aires e Montevidéu e aguarda o reembolso do hotel. "Mas o pior é a decepção. Passamos meses planejando essa viagem. Perdi minhas férias", disse.

A Pluna informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o call center está ativo, mas que o serviço tem recebido um volume elevado de ligações. A orientação da empresa é que os clientes insistam no canal.

Obrigações. Em comunicado, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) disse que vai fiscalizar se a Pluna está cumprindo suas obrigações com os passageiros. Se a empresa não cumprir a lei do setor, será multada em R$ 360 mil por voo e ter sua operação para voar no Brasil cassada.

A TAM, que tinha code-share com a Pluna, disse que está acomodando os passageiros em seus voos ou oferecendo reembolso sem cobrar taxas.

A Gol anunciou ontem que começará a voar de São Paulo para Montevidéu no dia 15 de agosto. A operação já estava prevista e não tem relação com a suspensão de voos da Pluna, disse a Gol.