Título: Quatro anos depois de casar, noiva luta para quitar festa
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2012, Economia, p. B3

Peguei o marido mas fui parar na lista de devedores’, afirma endividada

SÃO PAULO - No final de 2008, com cinco plásticos na carteira, entre cartões de crédito e de lojas, a supervisora de auditoria Flávia Aparecida de Souza Araujo, de 37 anos, viu a dívida de despesas com o casamento virar uma bola de neve. "Pelo menos eu peguei o marido", brinca. Hoje ela tem só um cartão de crédito e evita usá-lo.

Logo após o casamento, Flávia ficou desempregada. O saldo da dívida da festa, originalmente de R$ 1,2 mil, subiu para R$ 1,5 mil em cinco meses. Além disso, teve o nome incluído na lista de inadimplentes. Agora, empregada, quer renegociar a pendência.

Ela lembra que, na época da gastança, deparou-se com situações absurdas. Tinha salário de R$ 420 e limite em um dos cartões de R$ 600. "Os cartões também davam acesso ao saque de dinheiro no caixa automático."

Hoje, mesmo inadimplente nos cartões, Flávia constata que as restrições a novos crédito são mínimas. O banco no qual recebe o salário acaba de lhe oferecer cheque especial, mas com taxa de juro mais alta. Ao invés de 6%, o juro para ela é 10% ao mês. "Recusei o cheque especial porque isso não vai me ajudar e pode até me deixar mais endividada", pondera.

Flávia chegou a fazer uma compra só para saber se o cheque seria recusado. Para sua surpresa, o serviço de proteção ao crédito aprovou. "Cancelei a compra", informa.

Especialistas em crédito dizem que a inadimplência do cartão não bloqueia outros meios de pagamento. Esse é um dos fatores que leva o consumidor endividado a não priorizar o cartão na lista de pagamentos pendentes. No caso do cheque, a emissão de um documento sem fundos bloqueia o nome do inadimplente.