Título: Dificuldades na retomada global vão afetar resultados, diz o Fundo
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/07/2012, Economia, p. B4

Projeções para expansão da economia mundial neste ano caíram de 3,6% para 3,5% e, em 2013, de 4,1% para 3,9%

O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou ontem que o "enfraquecimento" da recuperação mundial, notado no segundo trimestre do ano, vai se estender pelo último semestre e afetar os resultados de 2012 e de 2013. Numa revisão de seus cálculos de abril passado, o FMI reduziu sua previsão de crescimento da economia mundial de 3,6% para 3,5% neste ano.

A projeção para 2013 recuou 0,2 ponto porcentual, de 4,1% para 3,9%, conforme a nova versão do documento Panorama da Economia Mundial. O Fundo advertiu estar a economia mundial sujeita a riscos provocados pelo atraso da Europa e dos Estados Unidos na adoção de medidas para superar as próprias crises ou por iniciativas insuficientes. A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, tem dito que a situação econômica global preocupa.

As economias emergentes foram alertadas a dar impulso ao consumo interno e a corrigir suas vulnerabilidades, seja para dar maior alento à economia mundial ou para se protegerem de um cenário piorado.

Dependendo do grau de correção desse quadro, o resultado no fim do ano pode ser mais duro do que as atuais projeções. "Mais preocupantes do que essas revisões nas projeções iniciais (de abril) é o aumento dos riscos laterais", afirmou o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard. "Este é, de fato, o momento de agir", sublinhou o diretor do Departamento Monetário e de Mercado de Capitais, José Viñals.

O chamado do FMI para a Europa e os EUA priorizarem suas agendas econômico-financeiras foi enfatizado no texto do Panorama e de outros dois documentos divulgados ontem - o Relatório de Estabilidade Financeira Mundial e o Monitor Fiscal.

"A situação das economias em crise da zona do euro vai se manter precária até que todas as ações políticas necessárias sejam tomadas", diz o Panorama.

O FMI pressiona a zona do euro - em especial, a Alemanha - a progredir em suas agendas de unificação fiscal e bancária, definidas no encontro de cúpula europeia de junho. Recomenda também ao bloco levar adiante as reformas estruturais, para expandir a atividade e solucionar os desequilíbrios comerciais na região, e aplicar uma política monetária mais expansionista, para prover os bancos de maior liquidez. "Se quiser manter a zona do euro sem fragmentações, será preciso alcançar a união bancária e a integração fiscal", reforçou Viñals.

O relativo otimismo do Fundo sobre o cumprimento das tarefas pela Europa, porém, não se repetiu no caso dos EUA. Segundo a nova versão do Panorama, "será muito difícil" um acordo entre os democratas e republicanos para evitar o corte automático de US$ 665 bilhões nos gastos federais de 2013 e para elevar o limite de endividamento antes de 31 de dezembro. / D.C.M.