Título: Todas as pacientes de SC recebem medicamento
Autor: Bassette, Fernanda
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/07/2012, Vida, p. A14

Para atender ordem judicial, governo gastou R$ 9,8 milhões; hoje cerca de 120 mulheres são beneficiadas

A artesã Maria de Fátima Linhares Martins, de 50 anos, é uma das mulheres que recorreu à Justiça para ter o direito de receber o Trastuzumabe (Herceptin) do governo federal e poder dar continuidade ao tratamento contra o câncer de mama positivo para HER-2, descoberto em junho do ano passado.

Moradora de Florianópolis, ela engrossa a lista de mais de 120 mulheres de Santa Catarina que passaram a receber a medicação por determinação judicial válida para todas as pacientes do Estado.

Isso aconteceu porque o número de processos individuais era tão alto que a Defensoria Pública da União em Santa Catarina entrou com uma ação civil pública contra o governo federal e conseguiu uma liminar que determinou o fornecimento da droga para todas as mulheres doentes com indicação de uso.

O governo chegou a recorrer, mas o Tribunal Regional Federal manteve a decisão e, desde março deste ano, todas as mulheres doentes recebem a medicação gratuitamente.

"Eu sou artesã e não teria condições financeiras para comprar esse remédio. Cada frasco custa R$ 7 mil e minha médica recomendou pelo menos 12 frascos", diz Maria de Fátima, que recebe o remédio na veia uma vez por mês, em uma unidade do SUS. "Esse remédio não tem efeitos colaterais como a quimioterapia tradicional", completa.

Muitos casos. Para atender a determinação judicial do Estado catarinense, o Ministério da Saúde gastou R$ 9,8 milhões na compra dessa medicação.

A ação civil pública foi motivada porque várias mulheres procuravam a Associação Brasileira dos Portadores de Câncer (Amucc), que as orientava a entrar com ações individuais.

Para Leoni Margarida Simm, presidente da entidade, a incorporação dessa droga no SUS é uma vitória de uma batalha que existe desde 2006. "Essa é uma luta muito antiga da nossa entidade. Sem esse remédio, muitas mulheres morreriam", diz.

Segundo Leoni, o alto custo da droga era uma das justificativas do governo para não incorporar a medicação no SUS. "Você não tem ideia do que é uma mulher com câncer saber que existe um remédio que pode salvar sua vida e não ter acesso porque não tem como comprar. A vida de uma mãe não tem preço. A incorporação desse remédio no SUS é um avanço", diz. / F.B.