Título: Jefferson será operado para extrair tumor
Autor: Lopes, Eugênia ; Bergamasco, Débora
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/07/2012, Nacional, p. A6

Ex-deputado, que se submete amanhã a longa cirurgia para retirar tumor do pâncreas, admite estar "com medo"

Aos 59 anos, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), autor da denúncia do mensalão e um dos 38 réus do processo, está com medo. Foi o que confessou na manhã de ontem, ao se internar no Hospital Samaritano, no Rio, onde será submetido amanhã a cirurgia para retirada de um tumor no pâncreas.

A uma semana do início do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), Jefferson, que teve o mandato cassado em setembro de 2005, diz que, desde a descoberta da doença, o veredito da Justiça tornou-se uma preocupação menor. "Não vou falar que sou herói. Estou com medo. Não depende mais de mim, não estou mais no comando do navio. Mas estou muito bem espiritualmente", disse o ex-deputado. Além da cirurgia, que deve durar de oito a dez horas, o ex-deputado está na expectativa do resultado da biópsia, que dirá se o tumor é maligno.

Ele recebeu o diagnóstico do tumor na quinta-feira passada, dia seguinte ao da convenção do PTB que o reconduziu à presidência do partido por mais três anos. O comando partidário é sua principal atividade.

Jefferson participou das negociações para as principais alianças deste ano, como a do PTB com o PRB de Celso Russomanno em São Paulo. No Rio, ratificou a aliança iniciada em 2008 com o prefeito Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição.

Ao contrário do acordo que diz ter firmado com os petistas em 2004, Jefferson afirma que as alianças atuais não envolvem financiamento: "Os cuidados hoje são muito maiores". Em 2005, depois de denunciar o mensalão, Jefferson disse ter recebido R$ 4 milhões do PT e foi incluído no processo por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Entre os candidatos a vereador pelo PTB, no Rio, está a filha do ex-deputado, Cristiane Brasil, de 38 anos, que deixou a prefeitura para concorrer. Jefferson estimula a carreira da filha, mas não quer vê-la candidata à Câmara: "Lá ainda tem muita gente que me odeia. Depois do julgamento do mensalão começará um novo momento", justifica.