Título: Empresa de fachada recebeu da Delta, diz PF
Autor: Fabrini, Fábio
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/08/2012, Nacional, p. A9

A Delta Construções abasteceu com R$ 10,9 milhões empresa usada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para pagamento a uma assessora da primeira-dama de Palmas, a deputada estadual Solange Duailibe (PT), mulher do prefeito Raul Filho (PT). Relatório da Polícia Federal diz que o contador do contraventor, Geovani Pereira da Silva, operava a conta bancária da Miranda e Silva Construções, responsável pelo repasse à funcionária de Solange, para fazer depósitos a várias outras pessoas. Os pagamentos foram feitos por meio de contas no BB e no HSBC, entre junho de 2011 e janeiro deste ano.

Segundo a Receita, a Miranda e Silva foi criada em 2010 para aluguel de máquinas,obras de urbanização e demolição de edifícios e está registrada numa loja em Águas Claras (DF). No local, funciona uma firma que aplica forros, sancas e divisórias. “Estamos aqui desde 2009 e nunca funcionou nada com esse nome”, informou ao Estado um dos responsáveis, Valdenir de Jesus. A PF diz que Cachoeira montou intrincada engenharia financeira envolvendo a Miranda e Silva, que existiria como fachada. Contas recebiam depósitos no exterior de pessoas e empresas interessadas em transferir dinheiro para o País. Os comprovantes eram enviados por e-mail a Gleyb Ferreira da Cruz, que acionava Geovani,ocontador,quefaziade-pósitos no País, usando contas de empresas do esquema.

O depósito na conta da assessora de Solange, de R$ 120 mil, foi feito em 2011, após pedido de um funcionário da Delta e Geovani, conforme a PF.O Ministério Público do TO suspeita de que seja propina paga pela Delta, com contratos de lixo em Palmas.Os promotor Adriano Neves pretende ouvir os dois proprietários da Miranda e Silva,moradores do DF, por carta precatória. Em depoimento, a deputada diz desconhecer a transação. Irmão dela e ex-secretário do governo de Palmas, Pedro Duailibe, afirmou que usava a conta da assessora e que o pagamento refere-se à venda de uma retroescavadeira à Miranda e Silva. Já a Delta informou que a empresa integra seu cadastro de fornecedores e recebe por “serviços prestados e efetivamente faturados”.