Título: Sindicato contesta dados de que a GM fez contratações
Autor: Fernandes, Adriana ; Froufer, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/08/2012, Economia, p. B4

Trabalhadores da fábrica de São José dos Campos atrasaram a entrada ontem em protesto contra plano de cortes

Trabalhadores da fábrica da General Motors em São José dos Campos (SP) atrasaram ontem a entrada em uma hora nos dois turnos de trabalho, de manhã e à tarde, em protesto contra a intenção da empresa de fechar a unidade que produz automóveis, o que pode resultar em mais de 1,5 mil demissões, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos.

Nas assembleias, o presidente do sindicato, Antonio Ferreira de Barros, pediu aos funcionários que apresentem propostas para serem levadas à reunião de sábado com a empresa para tentar evitar as demissões.

Barros contesta informações repassadas ontem ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a GM criou mais de 2 mil vagas em suas fábricas desde 2008. Atualmente, o grupo tem cerca de 23 mil funcionários no País.

Ele afirma que dados do Dieese, com base no Caged (do Ministério do Trabalho) mostram que a GM fechou 1.189 postos em um ano (de julho de 2011 a junho de 2012). O número ainda não inclui as 356 demissões feitas por meio de programa de voluntariado aberto recentemente.

Em nota, o sindicato afirma que Mantega, além de desconsiderar números do Caged, não teve o cuidado de ouvir a outra parte, o sindicato dos trabalhadores. "Dessa forma, o ministro diminui a si próprio, assumindo papel de mero porta-voz da GM."

O relato do sindicato informa que a GM fechou 1.044 postos de trabalho na fábrica de São José dos Campos e 349 na de São Caetano do Sul (SP) . Segundo a entidade, a única unidade a registrar saldo positivo foi a de Gravataí (RS), com 204 novas vagas.

Nas contas de Barros, as demissões na GM podem chegar a 2 mil pessoas. "Além dos 1,5 mil funcionários da MVA (unidade que produzia os modelos Corsa, Classic, Meriva e Zafira, mas atualmente só ficou com o Classic), as outras unidades que produzem componentes para esses modelos também terão cortes."

Propostas. O diretor de relações institucionais da GM, Luiz Moan, ressalta que os períodos citados pela GM e pelo sindicato são diferentes. Ele confirma que a empresa tem pessoal excedente na fábrica de São José e que "espera boas propostas do sindicato na reunião de sábado para tentar resolver o problema."

Confirma ainda que não há projetos de novos veículos previstos para a fábrica do Vale do Paraíba por causa da falta de acordo com o sindicato local. Os projetos de novos produtos foram levados para as fábricas do ABC paulista e de Gravataí, cujos representantes sindicais negociaram acordos com medidas como banco de horas.

Também devem participar do encontro de sábado o secretário de relações do Ministério do Trabalho, Manoel Messias Nascimento Melo e o prefeito Eduardo Cury. Em carta enviado ao Estado, o prefeito afirma que o resultado do impasse entre GM e sindicato "era perfeitamente previsível e conhecido por toda a cidade, e levaria a empresa a reduzir os seus quadros."

Diz ainda estar convencido de que essa situação é restrita a uma das oito fábricas do complexo mantido pela GM. "Contudo, a produção permanecerá, no mínimo, nos níveis atuais, sinal de que os fornecedores da GM na região não serão afetados por eventuais demissões. Esse quadro afasta a ideia de crise na indústria."