Título: Réus vão ficar longe de Brasília no julgamento
Autor: Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/07/2012, Nacional, p. A7

Advogados do mensalão dizem que clientes vão ver sessões na TV; acusada vai ‘rezar em casa"

José Dirceu, Marcos Valério, Professor Luizinho, João Paulo Cunha e Ayanna Tenório, todos réus do mensalão, não vão ao julgamento no Supremo Tribunal Federal(STF),que começa na quinta-feira. É quase certo, aliás, que nenhum acusado compareça à Corte. Muitos acompanharão o julgamento pela TV Justiça, que transmite as sessões do STF ao vivo – alguns até fazendo orações. Para os defensores, a presença de seus clientes “é desnecessária e desaconselhável”. “Marcos Valério não vai porque não foi intimado e não é tradição de julgamentos nos tribunais o réu comparecer”, disse o criminalista Marcelo Leonardo, que representa o empresário mineiro, suposto operador do mensalão. “Entendo que não é necessário nem adequado (Valério ir ao STF).Ficaria exposto em demasia,sem necessidade.”

O criminalista Alberto Zacharias Toron,que defende o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), faz coro com Leonardo: “Ele não tem obrigação de ir e não é praxe o réu comparecer ao julgamento”. Para Toron, a ausência de Cunha no julgamento “é uma atitude respeitosa com a Corte”. “Quem é intimado são apenas os advogados, isso é corriqueiro”, afirmou. “Não está no meu querer ou não querer. Ele (João Paulo) até poderia ir, mas é praxe não ir. O fato é que o STF não o intimou e, para a defesa, ele ir ou não é indiferente.”

Pierpaolo Bottini,que defende o ex-deputado Professor Luizinho (PT-SP), tampouco levará o cliente ao STF.“É um julgamento longo, que deve se prolongar por mais de um mês. Ele (Luizinho) tem suas atividades,numa empresa de consultoria.Ele pode ir,mas não é aconselhável.”Por meio de seu advogado, Luizinho informou que “certamente vai seguir o julgamento pela TVJustiça”.Mes-mo assim,um advogado do escritório de Bottini vai acompanhar o julgamento, a fim de manter o cliente informado de tudo. Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado criminal que de-fende Ayanna Tenório Torres de Jesus, ex-executiva do Banco Rural, declarou que “é um direito ir, mas ela preferiu ficar emcasa, no dizer dela rezando, fazendo orações em face da confiança que tem no advogado e na Justiça”.

Portas fechadas.Mariz anotou que a defesa vai negar a autoria dos crimes do qual é acusada – segundo a Procuradoria-Geral da República, ela teria participado da autorização dos empréstimos sob suspeita do Rural. “Ela já foi punida; hoje vive uma situação muito difícil,o mercado financeiro praticamente fechou as portas para ela.É uma grande injustiça.” José Luís Oliveira Lima,que defende José Dirceu,disse que o ex-ministro da Casa Civil também não vai a Brasília durante o julgamento. “Não é comuma presença de acusados nos julgamentos em tribunais. Ele (Dirceu) vai acompanhar tudo à distância.”