Título: Delúbio vira réu em SP por lavagem de dinheiro
Autor: Sampaio, Dida
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2012, Nacional, p. A4

Denúncia da Procuradoria foi acolhida pela 2ª Vara Criminal Federal; ação é um desmembramento da investigação do mensalão

O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares virou réu também em São Paulo. O juiz Márcio Ferro Catapani, da 2.ª Vara Criminal Federal, acolheu denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra Delúbio por crime de lavagem de dinheiro. A ação é consequência do desmembramento da investigação principal do mensalão, que começa a ser julgado hoje no Supremo Tribunal Federal (STF).

O MPF foi informado ontem sobre a decisão da Justiça Federal, que a recebeu no último dia 6 de julho. O petista é acusado de receber R$ 450 mil, oriundos de atividades ilegais, das agências de publicidade SMPB e DNA, do empresário Marcos Valério - apontado como o operador do mensalão. Conforme o MPF, o dinheiro chegava até Delúbio por meio de um esquema fraudulento que envolvia o Banco Rural.

"As agências de publicidade repassavam os recursos ilicitamente obtidos a representantes do Partido dos Trabalhadores, entre outros, seja para apropriação pessoal de seus membros, seja para repasse a membros congressistas da base aliada, a fim de obtenção de apoio ao Poder Executivo", ressalta trecho da denúncia principal, reproduzida pelo MPF .

A denúncia afirma que o Banco Rural, contrariando normas vigentes, autorizou, entre novembro de 2003 e março de 2004, que representantes de Delúbio, sem se identificarem nas operações, realizassem os saques em dinheiro.

"Dessa forma ocultava-se não apenas a propriedade dos recursos (já que Delúbio Soares de Castro não aparecia como destinatário), como também a própria movimentação, localização e disposição, pois os recursos físicos não eram passíveis de terem sua movimentação, localização e destino finais tracejados pelos órgãos de controle", diz a procuradora Ana Cristina Bandeira Lins. Segundo a procuradora, documentos, testemunhos e perícias juntados aos autos comprovam a materialidade e a autoria do crime.

Ao justificar a abertura da ação penal, o juiz federal considerou que o inquérito e a acusação formal trazem "fortes indícios de materialidade e autoria delitiva".

O advogado Celso Sanchez Vilardi, que representa Delúbio, não foi localizado ontem em seu escritório. A assessoria do Banco Rural informou que a instituição não tem como comentar a denúncia porque desconhece seu conteúdo.