Título: Anatel vai investir para turbinar fiscalização
Autor: Rodrigues, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/07/2012, Negócios, p. B14

Agência deve aplicar R$ 170 milhões para melhorar serviço antes da Copa do Mundo

Enquanto as empresas de telefonia celular e internet correm para fechar planos de investimento para os próximos dois anos que atendam às exigências da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o órgão regulador também se prepara para "turbinar" a própria estrutura e melhorar a fiscalização dos serviços prestados a tempo da Copa do Mundo de 2014.

Na mesma semana em que começou a valer a proibição para TIM, Oi e Claro venderem novas linhas nos Estados onde lideram o ranking de piores serviços prestados, a Anatel votará seu novo regulamento de fiscalização, que modernizará as práticas de monitoramento das empresas e deve estar mais próximo aos usuários dos serviços.

"Hoje temos condições para acompanhar gargalos das redes, mas o novo sistema irá melhorar nossas práticas e tecnologias, possibilitando ações mais rápidas", disse Rezende, presidente da Anatel, em entrevista exclusiva ao Estado.

Dados apresentados por ele mostram que o orçamento da Anatel prevê o investimento de R$ 170 milhões na aquisição de equipamentos e no reforço das equipes de fiscalização até 2014. Desse total, R$ 40 milhões estão sendo investidos ainda este ano e R$ 100 milhões devem ser aplicados em 2013. "Isso vai deixar um legado muito importante para agência", completou o presidente.

Além disso, Rezende avaliou que os dados compilados pela Anatel que levaram à medida drástica anunciada na semana passada, e os planos de investimentos que as companhias precisam entregar nos próximos dias, permitirão que a agência possa responder rapidamente aos problemas de curtíssimo prazo. "A partir daí, vamos ter um acompanhamento permanente dessas ações para que consigamos gerar resultados também para as questões mais de fundo, estruturais", acrescentou.

Sem surpresas. O presidente da Anatel frisou que as companhias não foram surpreendidas pela agência reguladora, pois o órgão havia conversado com todas elas a respeito da baixa qualidade do serviço e do atendimento prestado aos consumidores. Ele também nega que as medidas tenham sido tomadas com atraso. "Checamos todos os dados e tomamos medidas no momento em que a Anatel amadureceu o remédio para resolver o que estava acontecendo. Poderíamos ter optado por dar uma grande multa, mas isso não resolveria o problema", afirmou.

Rezende destacou que o mercado brasileiro de telecomunicações é um dos que mais cresce no mundo e tem um potencial enorme de expansão. Por isso, a Anatel não espera que a proibição temporária de vendas possa afastar investimentos do setor.

"Pelo contrário. O aumento dos investimentos em qualidade também serve para dar força e confiança para as ações das marcas que atuam no Brasil. Mercado forte e atrativo é o que tem relação sadia entre consumidores e companhias", definiu.

Apesar dos planos apresentado até agora pelas empresas preverem apenas remanejamentos de recursos, e não novos investimentos para este ano, Rezende alertou que todas as companhias do setor precisarão desembolsar mais dinheiro para cumprirem com suas obrigações. "A medida que tomamos é um alerta. As empresas têm que resolver os problemas do 3G agora, porque daqui a um ano elas estarão contratando equipamentos para a tecnologia 4G."

Para o presidente da Anatel, ainda é cedo para prever um prazo para que as empresas suspensas possam ter suas vendas liberadas nos mercados afetados. "A companhia que estiver mais consciente de suas dificuldades e coincidir suas propostas com o diagnóstico feito pela área técnica voltará mais rapidamente à normalidade", afirmou.