Título: Promotoria tenta suspender contrato da Delta em Palmas
Autor: Bergamasco, Débora
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/07/2012, Nacional, p. A7

Promotor Adriano Neves ouviu prefeito Raul Filho, do PT, e vai ajuizar novo pedido para cancelar acordo de R$ 71,9 milhões

O promotor de Justiça Adriano Neves anunciou ontem que vai ajuizar um novo pedido para sus­pender o contrato de coleta de li­xo, de R$ 71,9 milhões, entre a Pre­feitura de Palmas e a Delta Cons­truções, suspeita de ligação com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

O promotor ouviu ontem o pre­feito de Palmas, Raul Filho (PT), na investigação que apura o depó­sito de R$ 120 mil, a pedido do tesoureiro da empresa, na conta de uma ex-servidora do gabinete da primeira-dama e deputada es­tadual Solange Duailibe (PT). "Mas ele não trouxe nada de no­vo, apenas repetiu o que tinha di­to na CPMI", afirmou Neves.

Oitivas. O Ministério Público do Tocantins requisitou ao MP de Brasília que realize oitivas com diretores da Miranda e Silva Construções e Terraplanagem Ltda. A empresa é apontada pelo cunhado do prefeito, o ex-secjre- tário de governo Pedro Duailibe, como compradora de uma re­i troescavadeira, numa transação que comprovaria o depósito.

Neves também requisitou à Assembleia Legislativa a documen­tação funcional de Rosilda Rodri­gues dos Santos, esposa de um vaqueiro, que abriu a conta em Araguaçu, no interior do Tocan­tins, e a cedeu para que Duailibe a movimentasse. Todosjáforam ouvidos pela Promotoria.

O promotor afirma que nesta nova tentativa de suspender o contrato - o terceiro desde mar­ço de 2010, quando ajuizou ação civil - anexou a documentação que veio à tona com a investiga- - ção da Polícia Federal e a Opera­ção Monte Cario, que guardaria relação com a contratação ques­tionada pelo MP. "O vídeo do Ca­choeira e o caso da Rosilda só re­forçam o que já havia dito na ação civil, qüe a administração atuou para favorecer a empre­sa", afirmou o promotor.

"Manipulação". Na ação civil, Neves acusa agentes públicos de "conduta ilícita", como produ­zir falsos atestados de capacida­de para beneficiar a Delta vence­dora da licitação. O promotor. sustenta que houve manipula­ção dos dados "de forma dolosa para possibilitar a efetiva conti­nuidade da empresa (Delta) favo­recida no certame, havendo um direcionamento do objeto da lici­tação". A ação foi apresentada em março de 2010. Em abril des­te ano, Neves ajuizou pedido de reconsideração e a suspensão do contrato, mas ele não foi julga­do.

Prefeitura. Por meio de asses- soria de imprensa, o prefeito de Palmas disse que não comenta­ria seu depoimento e ressaltou que caberia ao MP disponibilizar o inteiro teor. Quanto ao pedido de suspensão do contrato, a as- sessoria afirmou que a adminis­tração não tem conhecimento do pedido e só irá se manifestar após ele ser oficialmente proto­colado e o prefeito, notificado. Os dirigentes da Delta no Tocan­tins não foram localizados.