Título: Ânimo da indústria é o pior desde a crise
Autor: Froufer, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2012, Economia, p. B4

Índice de Confiança do Empresário Industrial de julho apresenta maior queda ante mês anterior dos últimos dois anos e chega a 53,3 pontos Desde o auge da crise financeira internacional, em abril de 2009, o industrial brasileiro nunca esteve tão desanimado com a situação econômica do País e o rumo da empresa em que trabalha como agora.

Essa deterioração das expectativas foi revelada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com a divulgação do Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) de julho. O indicador apresentou a maior queda na comparação com o mês anterior dos últimos dois anos e foi fortemente influenciado pelos executivos do setor automotivo, uma das áreas que mais receberam incentivos do governo nos últimos meses.

A piora das expectativas dos industriais não é um movimento isolado, segundo Marcelo de Ávila, economista da CNI. Ele previu que dificilmente haverá uma recuperação da confiança dos empresários nos próximos meses porque o mercado interno não tem a mesma força de reação apresentada há dois anos e também porque as exportações "não aumentam no ritmo desejado", apesar da alta do dólar.

De acordo com o levantamento, o Icei caiu 2,8 pontos em julho ante junho, atingindo a marca de 53,3 pontos. Mesmo com a piora, pode-se dizer que o empresário ainda tem uma certa dose de esperança, já que o indicador varia de 0 a 100 pontos, com a marca de 50 pontos sendo a linha divisória entre pessimismo e otimismo.

Montadoras. Os que estão mais abaixo desse patamar entre os 2.383 participantes da entrevista são os que atuam na indústria automotiva. O Icei específico desse grupo recuou de 49 pontos no mês passado para 45,8 pontos em julho - o indicador estava em 53,4 pontos há um ano. O pessimismo se acentuou mesmo após os anúncios de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para o setor, de elevação do imposto para carros importados e do aumento da oferta de crédito.

Também estão com a confiança abalada os industriais dos setores de material plástico (48 pontos), borracha (48,6 pontos), madeira (48,8 pontos), informática (49,9 pontos) e máquinas e equipamentos (49,5 pontos).

"A retração na confiança é reflexo do ritmo de queda da produção industrial", avaliou o economista da CNI. Entre os mais animados na pesquisa com 35 setores da economia estão os executivos das áreas de impressão e reprodução (58,8 pontos), extração de minerais não metálicos (57,9 pontos) e de alimentos (56,8 pontos).

Seis meses. Houve piora da confiança em julho tanto em relação às condições atuais da economia e das empresas quanto para um horizonte de seis meses. "Os indicadores das condições atuais estão caindo mês a mês e já estão na faixa do pessimismo", considerou Ávila.

O índice que mede o humor do industrial com o presente caiu de 46,9 pontos em junho para 44 pontos este mês, mas os entrevistados ainda mantêm certo otimismo em relação ao futuro, já que, apesar da queda de 60,6 pontos para 58 pontos de um mês para o outro, o indicador ainda se situa acima dos 50 pontos.

A CNI mapeou também na pesquisa realizada nos dias 2 a 13 de julho que a queda da confiança neste mês ocorreu independentemente do porte da empresa em que trabalham os executivos.

Os mais afetados, porém, são os que atuam nas empresas menores. Além disso, a entidade observou um recuo generalizado em todas as regiões do País, com o Sudeste apresentando o quadro de maior desconfiança (50,9 pontos) e o Nordeste, o de maior otimismo (57,7 pontos).

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 19/07/2