Título: Bulgária exibe foto de suspeito de atacar israelenses
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Fonte: O Estado de São Paulo, 20/07/2012, Internacional, p. A11

Imagem do circuito interno do aeroporto de Burgas mostra jovem pouco antes de atentado; corpos e feridos chegam a Tel-Aviv

Câmeras de segurança do aeroporto de Burgas, na costa do Mar Negro da Bulgária, indicam que um jovem esguio - de camiseta larga, bermudão, óculos escuros e cabelo comprido saindo do boné - é o terrorista que colocou uma bomba em um ônibus lotado de turistas israelenses, na quarta-feira. Segundo autoridades de Sófia, ele estava com uma carteira de motorista falsa do Estado da Louisiana, nos EUA.

Morreram sete pessoas no ataque: cinco israelenses - entre eles uma mulher grávida-, o motorista búlgaro e o suspeito. Mais de 30 turistas ficaram feridos, alguns em estado grave. Ontem, os corpos das vítimas começaram a chegar a Israel, que imediatamente culpou o Irã e o Hezbollah pelo ataque - cometido no 18.º aniversário do atentado contra o centro judaico Amia, em Buenos Aires, que deixou 85 mortos.

O homem teria colocado os explosivos no compartimento de bagagem do ônibus, lotado de turistas israelenses que haviam acabado de desembarcar de um voo charter de Tel-Aviv a Burgas. No vídeo de pouco mais de 15 segundos divulgado pelas autoridades búlgaras, ele aparece carregando uma mochila e uma bolsa, onde estariam os explosivos, enquanto caminha devagar com as mãos no bolso.

A explosão arrancou a parte da frente do veículo e estilhaçou janelas de vários ônibus no local. Amostras de DNA e impressões digitais foram coletadas e enviadas ao FBI, à Interpol e à Europol para identificar o homem.

O ministro do Interior da Bulgária, Tsvetan Tsvetanov, estimou que ele entrara no país havia pouco tempo - entre quatro e sete dias. "Não descartamos a possibilidade de que ele tenha recebido apoio logístico no território búlgaro", afirmou o ministro a jornalistas.

Investigadores citados pela imprensa local afirmam que, pela complexidade do ataque, a ação pode ter contado com cinco cúmplices. A rede americana ABC News obteve uma cópia da habilitação falsa que o homem carregava.

O documento trazia o nome Jacque Felipe Martin, nascido em 1987 em Baton Rouge, Louisiana. Autoridades dos EUA afirmam que não há registros da existência dessa pessoa.

Boatos. Horas depois do ataque de quarta-feira, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, culpou o Irã e o Hezbollah pelo atentado. Netanyahu disse que seu governo tinha informações de que a explosão era obra de agentes iranianos, que nos últimos meses supostamente tentaram - com ou sem sucesso - atacar alvos israelenses na Índia, Geórgia, Tailândia, Quênia e Chipre.

Forças de segurança de Israel avaliam que a escolha dos alvos obedeceu a um mesmo critério: lugares onde israelenses ou judeus estão menos protegidos. Como nos EUA e na Europa Ocidental a segurança é melhor, terroristas buscaram "flancos abertos" em países da periferia.

Inicialmente, a imprensa búlgara identificou o homem como Mehdi-Muhamed Ghezali, cidadão sueco de origem argelina que ficou preso na base americana de Guantánamo após ser capturado no Afeganistão. A informação foi desmentida por autoridades tanto da Bulgária quanto da Suécia.

Por precaução, centenas de policiais búlgaros foram deslocados para hotéis em todo país para reforçar a segurança dos turistas. A costa do Mar Negro é um destino especialmente popular entre israelenses. Estima-se que cerca de 80 mil cidadãos de Israel passem anualmente pela Bulgária.

Enquanto o Hezbollah se manteve em silêncio, o Irã negou qualquer envolvimento com os ataques de ontem. A embaixada da república islâmica em Sófia emitiu uma nota dizendo que "sempre considerou o terror e o terrorismo um fenômeno desumano".

"Não importa quem ou qual organização realizou (o ataque), a República Islâmica do Irã o condena e o declara inaceitável", afirma a mensagem. "O Irã é uma vítima do terrorismo e o assassinato de cientistas nucleares de nosso país por testas de ferro desse regime (Israel) comprova isso." Nos últimos anos, vários pesquisadores ligados ao programa nuclear iraniano foram mortos em explosões. Teerã - assim como vários analistas - afirma que Israel está por trás dessas operações. / REUTERS, AP e EFE