Título: Pesquisadores dizem que ainda não foram indenizados
Autor: Torres, Sérgio
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/07/2012, Vida, p. A13

Manifesto é assinado por 30 dos 31 pesquisadores que estavam na base; pasta da Ciência diz que não cabe a ela indenizar

Cientistas que escaparam do incêndio na base Comandante Ferraz divulgaram manifesto com reclamações sobre o fato de não terem sido indenizados pelo governo federal por perdas sofridas no desastre. Nele, dizem que nem sequer são atendidos quando buscam informações nos órgãos governamentais.

O documento é assinado por 30 dos 31 pesquisadores que estavam na Antártida em 25 de fevereiro deste ano. Só não o assinou a cientista Therezinha Absher (UFPR), por estar fora do Brasil.

Os outros quatro pesquisadores da universidade paranaense endossaram o manifesto, assim como profissionais de universidades e instituições do Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul. Uma delas é a cientista espanhola Begoña Jimenez Luque, que perdeu os documentos no incêndio.

Além de passaportes, os cientistas perderam roupas, dinheiro, computadores, aparelhos eletrônicos e amplo material de pesquisas - algumas delas, com patrocínio internacional, avaliadas em milhares de dólares.

"Ressaltamos que em nenhum momento os órgãos responsáveis entraram em contato conosco para solicitar informações sobre perdas pessoais durante o incêndio e todo o atendimento realizado se limitou ao resgate e transporte para o Brasil. Nenhum contato posterior foi realizado e contatos feitos por nós não foram respondidos", dizem os pesquisadores.

O pagamento de indenizações foi anunciado por representantes do governo na Patagônia chilena, entre eles o contra-almirante Marcos José de Carvalho Ferreira, enviado do governo para auxiliar os sobreviventes. Ele chegou a falar em R$ 10 mil de indenização para cada um. Em pronunciamentos públicos, o ministro da Defesa, Celso Amorim, também falou em ressarcimento, sem estimar valores.

"As informações divulgadas na imprensa não foram contestadas pelos órgãos envolvidos nem sequer fomos consultados em relação às perdas que tivemos. A divulgação de tais informações serviu para que os pesquisadores se sentissem confiantes", diz o texto.

Ao Estado, a Marinha alegou que as indenizações eram de responsabilidade do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, que negou ter responsabilidade no caso. "Não cabe a esta pasta ações indenizatórias", afirmou.

Em nota, o ministério afirma que "representantes da comunidade científica reivindicaram a reposição de equipamentos científicos perdidos no incêndio" e que "esta ação já foi aprovada pela pasta e os recursos já estão em trâmite no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para dispêndio final". / S.T.