Título: A atração de investidores para a infraestrutura
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/08/2012, Economia, p. B2

Entre 2010 e 2011, os investimentos em infraestrutura aumentaram apenas 2%, de R$ 170 bilhões para R$ 173 bilhões, segundo levantamento da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). É a mais recente comprovação de que numa questão-chave para a eficiência econômica e a competitividade, pouco se fez desde a troca de presidente, repetindo-se, com Dilma, a insuficiência de investimentos da era Lula.

O estudo da Abdib, citado quinta-feira no Estado, trata dos investimentos em transportes, eletricidade, petróleo e gás, telecomunicações e saneamento básico. São setores responsáveis pela oferta de insumos ou serviços essenciais para o desenvolvimento econômico, inclusive para o bem-estar dos que estudam ou trabalham em casa.

Não há dificuldade em atrair investimentos para a infraestrutura, como já mostrou o governo Fernando Henrique. A política de concessões propiciou o ingresso de investidores locais e estrangeiros em energia, telecomunicações, rodovias e ferrovias, além de petróleo e gás. Em vez de suportar os déficits das estatais, o governo passou a arrecadar vultosos tributos.

O presidente da Abdib, Paulo Godoy, acredita que o governo Dilma "já percebeu que o desempenho do setor (de bens de capital) está fraco" e pretende lançar um pacote de concessões rodoviárias e ferroviárias. Mas é pouco provável que seja o bastante.

As rodadas da Agência Nacional de Petróleo foram interrompidas na década passada e não há prazo para serem retomadas. Mesmo nesse segmento, dominado pela Petrobrás, os investimentos caíram de R$ 78,1 bilhões, em 2010, para R$ 73,3 bilhões, em 2011. Também é crítica a falta de investimentos em saneamento, afetado pelo sucessivo adiamento das pendências entre municípios e companhias estaduais.

As principais exceções são os segmentos com maior participação privada, como telecomunicações e energia elétrica, cujos investimentos aumentaram 13,5% e 18,9%, respectivamente, no ano passado.

Embora a Abdib preveja aumento de investimentos de 6%, em termos reais, neste ano, há sinais negativos, como a queda da produção industrial de bens de capital de 12,5% entre os primeiros semestres de 2011 e 2012 (e as importações de bens de capital aumentaram apenas 3% ou US$ 1,2 bilhão, na comparação entre janeiro e julho dos dois anos). O governo tarda em assegurar mais investimentos na infraestrutura para desonerar a produção e conferir mais competitividade às empresas locais.