Título: Trainee paulista consegue vaga no Rio e se muda
Autor: Gerbelli, Luiz Guilherme
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/08/2012, Economia, p. B1

Jéssica Lopes diz que de sua turma de graduação em administração ela foi a quinta a ir para o Rio

No fim do ano passado, Jéssica Lopes deixou São Paulo. Foi para a cidade do Rio de Janeiro depois de ter sido aprovada em um programa de trainee. Era a primeira oportunidade profissional que tinha desde que se formou em administração na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Da sua turma de graduação, ela foi a quinta a se mudar para o Rio.

"Outros vieram para cá porque receberam propostas de bancos de investimento ou porque o projeto da empresa em que trabalham foi transferido para o Rio, o que é bastante comum", afirma a administradora.

Em algumas regiões do Rio de Janeiro, diz a administradora, é cada vez mais frequente encontrar gente que morava em outras cidades, Estados e países.

Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, o Estado do Rio de Janeiro recebeu quase 6 mil estrangeiros no primeiro trimestre deste ano. Em 2011, no mesmo período, foram registrados 5,3 mil trabalhadores de fora do Brasil.

Com essa nova população, Jéssica conta que alguns gargalos de infraestrutura têm sido descobertos pelos novos moradores. Segundo ela, quem se muda para o Rio tem dificuldade para encontrar um apartamento. "Fica difícil porque não há muitos prédios em construção", diz. "Eu moro num apartamento com mais três meninas do trabalho, se não for assim você não consegue viver aqui por causa do preço do aluguel."

Impulso. Para especialistas, a continuidade no processo de descentralização do emprego - que pode favorecer o Rio e os outros Estados - vai depender em grande parte das ações do governo. "A descentralização estará associada com uma manutenção dos investimentos públicos, principalmente em infraestrutura", afirma Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômico (Dieese).

Na avaliação dele, será preciso que todas as regiões tenham boa capacidade de oferta de energia e disponham de uma malha de rodovias e ferrovias. "Outra questão que levanto é como nós vamos distribuir essa riqueza do petróleo e do gás."

Para Lúcio, há um risco de que esses recursos permaneçam concentrados no Sudeste. "Um mau encaminhamento dessa riqueza, que está concentrada fisicamente nessa região, pode favorecer a concentração", alerta.