Título: Ainda recluso, Dirceu evita falar do caso até em blog
Autor: Macedo, Fausto ; Bresciani, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2012, Nacional, p. A6

mensalao; STF Mensalão; PT; Globo; Marco Aurélio de Carvalho; José Dirceu

Apontado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, como "a principal figura, o mentor, grande protagonista" do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu permaneceu em sua casa ontem, em um condomínio de alto padrão, em Vinhedo, interior paulista, de onde assistiu pela televisão ao julgamento do Supremo Tribunal Federal.

Dirceu acompanhou a leitura da denúncia feita por Gurgel, no segundo dia de julgamento do mensalão, com a mulher e um assessor. Segundo um morador do condomínio, que pediu para não ser identificado, houve movimentação na casa durante todo dia.

Em seu blog pessoal, o ex-deputado limitou-se a dizer que o início dos trâmites da Suprema Corte, na quinta-feira, não afetaram os debates entre candidatos a prefeito, transmitidos no mesmo dia pela TV Bandeirantes. Ele citou os debates do Rio e de São Paulo, afirmando que o assunto foi levantado "sempre por candidatos franco-atiradores, que não sinalizam até agora terem chances".

Alguns minutos após o início da leitura da acusação, sua mulher, Evanise Santos, fez pelo menos cinco postagens no Twitter, replicando notícias de sites com as acusações de Gurgel em relação ao papel de Dirceu no mensalão. Os comentários foram acompanhados pelo questionamento: "E as provas? Onde estão?"

Recado. Dirceu publicou ontem outro texto em que comenta a descoberta de um documento no Arquivo Nacional segundo o qual, meses antes das eleições presidenciais chilenas de 1970, os militares brasileiros já previam uma reação em uma eventual vitória de Salvador Allende, ocorrida em 1973.

"Aliás os EUA, a direita, os militares e a mídia conservadora não estão parados. Continuam se articulando para derrubar governos eleitos democraticamente que não se submetem aos seus interesses." O texto cita ainda os casos de Honduras e Paraguai, e acrescenta. "Agora com novos métodos. Como, aliás, tentaram aqui em 2005 e não conseguiram". / COLABOROU DÉBORA ÁLVARES