Título: Candidato do PRB segura tucano e pisa em petista
Autor: Bramantti, Daniel
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2012, Nacional, p. A11

Se Celso Russomanno (PRB) já era um empecilho ao crescimento de Fernando Haddad (PT), passou a ser um problema também para José Serra (PSDB). Em maio, o tucano tinha 31% no Ibope. Em 20 de julho, bateu 30% no Datafolha. Agora, tem 26%. Sua variação está dentro da margem de erro, mas os sinais são negativos para o tucano.

Desde maio, Serra perdeu dez pontos porcentuais entre quem tem de 5 a 8 anos de estudo, 9 pontos entre quem tem 40 anos ou mais e também 9 pontos entre os eleitores com renda de 2 a 5 salários mínimos. Foi exatamente nesses segmentos e nesse período que Russomanno cresceu (em alguns estratos, chegou a dobrar sua intenção de voto). Não é coincidência. Russomanno está tirando eleitores do tucano. Moradores da zona leste mais próxima ao centro, por exemplo.

Não é de agora que o candidato do PRB vinha "pisando" na cabeça de Fernando Haddad e impedindo o crescimento do petista. A novidade é que Russomanno ficou com os eleitores que antes declaravam voto em Netinho (PC do B). Desde maio, ele cresceu 16 pontos na extrema zona leste (Leste 2), um tradicional reduto de voto petista. Russomanno lidera nesse extremo da cidade, com 26%, contra 24% de Serra e apenas 10% de Haddad.

O fantasma que assusta o petista é o risco de ser o primeiro candidato do partido a ficar fora de um segundo turno na cidade. Para chegar lá, precisa reconquistar o voto de eleitores tradicionais do PT que hoje pendem para Russomanno. Seu último recurso é a propaganda na TV. A partir de 21 de agosto, Haddad e Serra aparecerão quase quatro vezes mais do que o rival. Por isso, o segundo turno está aberto. Os três podem chegar lá.

Desde que se lançou candidato, em fevereiro, é a primeira vez que Serra cai dos 30%. Em 2008, o também tucano Geraldo Alckmin chegou a esse patamar, mas, justamente por essa época, começou a cair, perdendo eleitores para Gilberto Kassab (então no DEM). Acabou ficando fora do segundo turno. E Serra tem quase três vezes mais rejeição (34%) do que todos os outros candidatos.