Título: Para analistas, teles resolverão problemas no longo prazo
Autor: Siuqueira, Ethevaldo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2012, Negócios, p. B14

Consenso é de que investimentos anunciados são suficientes para cumprir as metas até 2014

Mesmo após a liberação da retomada das vendas de novas linhas em todo o País, os serviços de telefonia não vão dar um salto de qualidade imediato. A expectativa é de que apenas paulatinamente os indicadores que levaram à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a suspender as vendas de novos chips atinjam níveis satisfatórios, de acordo com especialistas.

A Anatel projeta alguma evolução no atendimento dos call centers no curtíssimo prazo e na qualidade dos serviços até o fim do ano. "Os problemas serão gerenciados e mitigados, mas aos poucos", afirma o presidente da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviço de Telecomunicações Competitivas (TelComp), João Moura.

A diferença neste momento, em relação às antigas promessas de investimentos, é que agora as empresas estão sob a vigilância da Anatel e dos consumidores. Nos últimos anos, a discussão se concentrou na expansão do atendimento. "Hoje não basta só ter cobertura, precisa ter qualidade na voz e nos dados", diz Moura.

O analista de telecomunicações da Frost & Sullivan, Renato Pasquini, alerta que os riscos aos maus serviços seguem, mesmo após a liberação das vendas de novas linhas. "A penetração de smartphones e a demanda por serviços de dados continuará crescendo. Antes, uma antena cobria toda uma cidade, agora é preciso ter várias", afirma.

Um dos gargalos apontados pelas empresas do setor é a falta de antenas. Na visão das teles, uma lei geral menos restritiva à instalação resolveria parte do problema. O governo já declarou que vai enviar ao Congresso uma mudança na legislação sobre o tema. O texto deverá incluir também o compartilhamento de antenas, o que desagrada parte das teles.

Se a questão do tempo é colocada em dúvida, analistas afirmam que os valores de investimento anunciados por operadoras são suficientes para atender aos problemas no longo prazo. "O montante é significativo", diz Pasquini, que ressalva que a Anatel não pode obrigar as empresas a investir o que prometeram. O analista-chefe da Ativa Corretora, Ricardo Correa, acredita as empresas têm condições de realizar os investimentos.