Título: Dilma tem dificuldade para fechar pacote
Autor: Fernandes, Adriana ; Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/08/2012, Economia, p. B4

Presidente adia reunião com empresários porque o governo ainda estuda de onde tirar recursos para viabilizar as medidas de estímulo à economia

Com dificuldades para encontrar espaço no orçamento, a presidente Dilma Rousseff adiou a reunião com um grupo de grandes empresários para apresentar as linhas das novas medidas de estímulo ao investimento e crescimento econômico em 2013. Segundo apurou o "Estado", o Palácio do Planalto trabalha com a expectativa de realizar o encontro na próxima terça-feira, mas a data poderá ser adiada novamente por causa das discussões técnicas sobre as medidas.

A intenção inicial era realizar a reunião com os empresários esta semana, mas não houve tempo para avançar na definição das medidas, pela dificuldade da presidente em conciliar os novos cortes de impostos com a queda da arrecadação, provocada pelo ritmo lento da economia.

As discussões das medidas levam em consideração também a proposta do Orçamento da União de 2013, que será encaminhada no fim do mês ao Congresso Nacional, o que tem tornado o trabalho mais complexo.

O governo também aguarda a votação no Senado Federal da Medida Provisória que ampliou o Plano Brasil Maior, a política industrial e de comércio exterior da presidente Dilma. Na Câmara, os deputados incluíram na MP uma série de novas desonerações que não foram acertadas com o governo, como a isenção do PIS, Cofins e do IPI para produtos da cesta básica. A lista de setores beneficiados com a desoneração da folha de pagamento - inicialmente composta por 15 segmentos - também foi ampliada. Os deputados estenderam o benefício para as empresas de transporte rodoviário, aéreo (carga e de passageiros) e navegação, brinquedos e de manutenção de aeronaves, motores, componentes e equipamentos.

Confuso. Segundo fontes do governo, o texto das emendas incluídas é confuso e há brechas, inclusive, para que algumas das novas desonerações entrem em vigor este ano. Nem a área técnica, admitem as mesmas fontes, tem a real dimensão do tamanho da desoneração ampliada pelos parlamentares. O mais difícil para a presidente será vetar as desonerações aprovadas, uma vez que ela prometeu ampliar as reduções de tributos e estimulou os empresários a procurarem o Ministério da Fazenda para negociar a desoneração da folha de pagamentos para seus setores.

"Essas desonerações não cabem na proposta de Orçamento com a meta de superávit", admitiu uma fonte. Por isso, há risco de o PAC das desonerações, como está sendo chamado o pacote, ficar bem mais "tímido" do que o previsto. No centro do debate, está a flexibilização da política fiscal. Setores importantes dos ministérios da Fazenda e do Planejamento continuam defendendo uma redução do superávit primário das contas públicas.

Terceira rodada. Essa será a terceira reunião da presidente com os empresários. Nas duas primeiras, Dilma aproveitou o encontro para apresentar as medidas de combate à crise internacional e a mudança na forma de remuneração da poupança.

Dilma deve ter um encontro hoje com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para discutir as medidas. Também terá uma reunião com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. O banco de fomento terá, mais uma vez, papel fundamental na estratégia do governo de alavancar os investimentos.

Dessa vez, os Estados também terão participação importante, o que levou Mantega, a aprovar uma nova rodada de apoio financeiro aos governadores para alavancar aos investimentos no ano que vem, como antecipou o Estado.