Título: FMI pressiona países da UE por alívio grego
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/08/2012, Economia, p. B5

Fundo Monetário Internacional quer que os países europeus revejam as exigências econômicas feitas à Grécia em troca de ajuda financeira

O Fundo Monetário Internacional (FMI) está pressionando os governos dos países da União Europeia a adotarem medidas para aliviar as exigências feitas à Grécia em troca de ajuda financeira, segundo fontes citadas pelo "Wall Street Journal".

O FMI, segundo a publicação, está enfrentando descontentamento dos países-membros por causa das altas quantias que a instituição emprestou para países da zona do euro.

As pressões do FMI são uma reação às evidências crescentes de que a forte recessão enfrentada pela Grécia tirou o programa de ajuda ao país do caminho estabelecido no começo deste ano. Os funcionários do FMI argumentam que a dívida da Grécia precisa ser reduzida para níveis sustentáveis antes de o órgão liberar mais recursos para evitar que o país fique sem dinheiro.

Segundo as fontes, para isso ocorrer, os credores multilaterais da Grécia teriam de perdoar parte da dívida. Mas essa proposta enfrentaria oposição firme de alguns governos de países da zona do euro, entre eles a Alemanha, que já emprestou 127 bilhões para a Grécia.

Um porta-voz do FMI preferiu não comentar essas informações.

Níveis sustentáveis. A definição exata dos "níveis sustentáveis" de dívida estará no centro de um debate que deverá durar meses. O FMI quer que a dívida da Grécia esteja próxima de 100% do PIB em 2020, quando se supõe que o país terá acabado de pagar os 33 bilhões recebidos como crédito do próprio Fundo.

Essa cifra é mais baixa do que a meta de 120% do PIB que consta do acordo concluído em fevereiro, quando Grécia, União Europeia e FMI acertaram um novo pacote de ajuda que incluía perdas para os credores privados. A mudança de posição reflete a preocupação dos quadros técnicos do FMI de que o cumprimento das metas estabelecidas não deixará a Grécia em posição de pagar suas dívidas até 2020.

Fontes disseram que o FMI levantou várias opções para levar a dívida da Grécia para mais perto dos 100% do PIB, mas essas ideias estão enfrentando intransigências na Europa.

A proposta mais suave incluiria uma nova redução nos juros que a Grécia tem de pagar pelos empréstimos dados pela União Europeia. Entre 2012 e 2014, o país tem mais de 39 bilhões em pagamentos de juros.

As propostas mais controvertidas politicamente incluem a aceitação, pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelos bancos centrais dos países da zona do euro, de uma redução de 30% no valor de face dos bônus gregos, estimados em 50 bilhões, disse um funcionário, ou reduções semelhantes no valor dos empréstimos bilaterais que deram à Grécia.

Uma medida que também reduziria a carga da dívida grega seria o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) assumir os quase 50 bilhões em dívida que o governo grego está assumindo para recapitalizar os bancos do país. Em junho, os chefes de governo dos países da zona do euro concordaram em permitir que o MEE injete capital diretamente nos bancos dos países da região. Segundo um funcionário da UE, fazer o mesmo pela Grécia reduziria a dívida do governo do país em 15% a 20% do PIB.

Essas discussões só deverão ganhar impulso dentro de um mês, quando o FMI, o BCE e a Comissão Europeia farão uma revisão sobre o pacote grego. Representantes do trio deixaram Atenas no domingo, depois de passarem uma semana revisando as contas do país. / DOW JONES NEWSWIRES