Título: FMI vê reação da economia brasileira no fim do ano, mas alerta para inflação
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/07/2012, Economia, p. B1

Ao prever a retomada de cres­cimento econômico de 4,0% para o Brasil no quarto trimes­tre deste ano e de 4,6% em 2013, o Fundo Monetário Inter­nacional (FMI) alertou ontem para o risco de a inflação man­ter-se acima do centro da me­ta e recomendou que o gover­no se prepare para reduzir os estímulos monetários. O prin­cipal instrumento tem sido a diminuição da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 8,0%.

O Fundo considerou acerta­das as políticas fiscal e monetá­ria adotadas pelo governo para estimular o crescimento e con­tornar os efeitos das crises na Eu­ropa e nos Estados Unidos. Mas chamou a atenção para arranjos necessários para sustentar a ex­pansão da atividade sem riscos inflacionários e de bolhas.

Para o FMI, o Brasil deveria se preocupar menos em incentivar o consumo e buscar o aumento do investimento e da poupança interna. A iniciativa daria maior equilíbrio ao crescimento econô­mico. O Fundo recomendou atenção especial do governo pa­ra calibrar a política de expan­são do crédito imobiliário e ao consumo, para evitar o endivida­mento exagerado das famílias.

O FMI insistiu na mudança do atual foco do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Hoje mais con­centrado no financiamento de companhias de primeira linha, o BNDES deveria ampliar sua ofer­ta de crédito para obras de infraestrutura e projetos de longo prazo.

As observações constam do re­latório sobre a economia brasileira redigido por técnicos do FMI, depois de uma visita ao País em maio passado.

Otimismo. O FMI manteve uma avaliação otimista da eco­nomia brasileira atual e de sua evolução nos próximos meses. A

inflação deve fechar este ano em 4,8%, acima do centro da meta (4,5%) e com crescimento de 2,5%. O superávit primário nas contas públicas será de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB), tal como definido no Orçamen­to de 2012. A queda nas exporta­ções pesará nas transações cor­rentes, o saldo do comércio de bens e de serviços com o exte­rior, na forma de um déficit de 2,6% do PIB.

Para 2013, com perspectiva de crescimento econômico mais vi­goroso, a inflação foi estimada em 5,0%. Apreocupação do Fun­do com esse aumento no índice de preços ao consumidor mos­tra-se mais acentuada do que a do governo, ainda focado na necessidade de expansão da econo­mia.

"Algumas pressões para cima devem reemergir em 2013, refle­tindo a recuperação econômica e a desvalorização da taxa de câmbio", diz o documento, ao re­comendar a retirada gradual dos estímulos monetários pelo País no ano que vem. "Se a atual confi­guração das políticas continuar ao longo de 2013, provavelmen­te a inflação ficará acima do cen­tro da meta."