Título: Para Economist, julgamento é sinal de progresso do País
Autor: Lupiom, Bruno
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/07/2012, Nacional, p. A10

A revista britânica The Economist qualificou como um sinal de "progresso" no Brasil o fato de o escândalo do mensalão ir a julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). "Cadeia para políticos corruptos ainda pode ser algo improvável, mas não mais impensável", afirma o texto, publicado na seção dedicada à cobertura do noticiário nas Américas.

A revista afirma que, no Brasil, ter má reputação não é impedimento para uma carreira política - e cita os exemplos de Fernando Collor e Paulo Maluf, eleitos para o Congresso após acusações de envolvimento em casos de corrupção.

O texto destaca ainda que políticos com mandato têm foro privilegiado na Justiça - apenas o STF pode julgá-los. "Nesse contexto, o julgamento de 38 pessoas acusadas de envolvimento no maior escândalo de corrupção dos anos recentes no Brasil é uma raridade."

Para a Economist, o impacto político do julgamento deve ser limitado para o PT e para os principais líderes do partido. O petista Luiz Inácio Lula da Silva, lembra a revista, foi reeleito presidente um ano depois que o escândalo do mensalão estourou na imprensa. "Ele era popular por melhorar a vida dos pobres, não por fazer campanhas contra a corrupção", afirma o texto.

É ainda mais improvável, segundo a Economist, que haja dano político para a presidente Dilma Rousseff. "Nenhum dos réus no caso é próximo a ela. E, por ter demitido vários ministros acusados de corrupção no início de seu mandato, Dilma se protegeu da ameaça de contágio por associação."

Legislação. O texto destaca ainda que uma onda de maior transparência em relação aos gastos públicos vem dificultando os desvios de recursos no poder público. "Uma nova lei de acesso à informação faz com que seja mais difícil para os políticos encher de comparsas as folhas de pagamento do setor público", diz o texto.

"A boa notícia é que, para ser corrupto no Brasil, você precisa ser mais criativo agora do que há dez ou quinze anos", afirmou João Castro Neves, da empresa de consultoria Eurasia Group, um dos entrevistados pela publicação britânica.