Título: Governo pressiona bancos para emprestarem mais
Autor: Froufe, Célia ; Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/08/2012, Economia, p. B3

Em reunião com banqueiros, Mantega diz que crescimento modesto do crédito é um dos fatores que explicam desempenho fraco da economia no ano

Renata Veríssimo / Brasília

O governo convocou ontem nove dos maiores banqueiros do País para, mais uma vez, cobrar uma ação agressiva no crédito. Após pedir redução de juros no início do ano, o foco da equipe econômica foi ampliado. Agora, o objetivo é o elevar o volume de empréstimos. Para o governo, a concessão de financiamentos está longe do ideal e as instituições precisam emprestar mais, sobretudo na área de veículos.

Aos altos executivos de Banco do Brasil, Bradesco, BTG Pactual, Caixa, Citibank, HSBC, Itaú, Safra e Santander, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu uma "ação proativa". O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, também estava presente.

Embora a equipe econômica aposte na retomada mais forte da atividade no segundo semestre, Mantega acredita que o movimento pode ser acelerado. Por isso, pediu aos banqueiros a continuidade da ação para manter as vendas aquecidas.

Para a Fazenda, acelerar o crédito será um elemento importante dentro do conjunto de ações para fazer com que a economia ganhe ritmo - entre elas, concessões à iniciativa privada de projetos de infraestrutura e energia elétrica e a ampliação do Plano Brasil Maior, a política industrial do governo Dilma Rousseff.

A reunião foi convocada porque, em Brasília, prevalece a análise de que o crédito "não está crescendo a contento" e há espaço para novos cortes de juros. O ideal, disse uma fonte, seria a combinação de juros menores com maior oferta de dinheiro.

Pedidos O governo vê espaço para a redução do custo dos empréstimos. Um dos argumentos é que a taxa básica (Selic) caiu, proporcionalmente, 33% nos últimos 12 meses. No mesmo período, o juro médio ao consumidor recuou menos: 20%.

O segundo foco está na oferta. Mesmo com juro menor, o tamanho do mercado de crédito não deslancha desde o fim do ano passado. Isso atrasa a reação da economia, segundo o governo.

Um dos banqueiros presentes classificou o encontro como "construtivo" e disse que o clima estava "bom". "Não houve tom de ameaça", disse. Ainda segundo esse participante, cada representante teve um tempo para expor sua avaliação a respeito do mercado de crédito.

Basicamente, disse, houve duas avaliações. De um lado, há uma percepção de demanda mais fraca por dinheiro, em especial pelas pequenas e médias empresas e pessoas físicas. O segundo ponto destacado foi a percepção de que a atividade econômica terá mais força no segundo semestre, o que naturalmente aquecerá o mercado de crédito.

Ao final do encontro, os banqueiros avaliaram que o governo entendeu que o interesse do setor é crescer o crédito. "Mas do jeito certo, não fazendo besteiras", frisou um deles. Em termos práticos, os bancos se comprometeram a ter um atitude mais "proativa" no crédito, mas sem que isso signifique relaxamento nos critérios de risco.