Título: Paraguai discute resposta à adesão de Caracas ao Mercosul
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Fonte: O Estado de São Paulo, 14/08/2012, Internacional, p. A15

Chanceler paraguaio solicita ao Senado "estudo sereno" sobre adesão venezuelana ao bloco; Franco pede calma

O Executivo do Paraguai pediu ontem ao Senado a realização de um "estudo reflexivo e sereno" sobre a adesão da Venezuela ao Mercosul, oficializada no dia 31 por Argentina, Brasil e Uruguai - que se aproveitaram da suspensão de Assunção do bloco para ratificar a entrada de Caracas. O presidente paraguaio, Federico Franco, declarou que a votação sobre o ingresso dos venezuelanos "não requer uma decisão apressada".

A deliberação do Parlamento deverá ser adiada até a decisão da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre o relatório do secretário-geral da entidade a respeito da crise no país - o documento não qualifica a destituição relâmpago de Fernando Lugo, ocorrida em 22 de junho, como golpe e não tem data para ser votado.

Ontem, uma reunião da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) - que, assim como o Mercosul, suspendeu o Paraguai depois do impeachment de Lugo - deveria produzir uma nova declaração da entidade sobre a crise.

No mesmo dia, o chanceler de Assunção, José Félix Fernández Estigarribia, reuniu-se com a Comissão de Relações Exteriores do Senado paraguaio. "O Congresso Nacional é soberano nesse assunto (a aprovação ou o rechaço da adesão da Venezuela ao Mercosul) e o poder Executivo vai acatar a resolução (do Parlamento), seja qual for."

Enquanto estava no poder, Lugo, várias vezes, colocou o texto sobre a entrada da Venezuela na pauta do Congresso, para, em seguida, retirá-lo. O ex-presidente não tinha a maioria necessária para aprovar a medida. Após a destituição, o Parlamento pediu a Franco - que é contra a adesão de Caracas - para enviar o texto de volta.

No dia em que a Venezuela entrou no Mercosul, o novo presidente anunciou que colocaria a medida em votação, mas até agora não cumpriu a promessa. "É uma decisão que merece uma boa análise", disse Franco. / EFE