Título: Qualidade do ensino médio caiu no DF e em 8 Estados
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/08/2012, Vida, p. A15

Média nacional para essa etapa foi atingida, mas 9 unidades da Federação apresentaram índices inferiores aos de 2009

A qualidade do ensino médio piorou no Distrito Federal e em oito Estados brasileiros, aponta o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2011, divulgado ontem pelo Ministério da Educação (MEC). A leitura dos dados mostra um desafio insistente no ensino brasileiro: a situação tem melhora no início da educação básica, mas piora com o passar dos anos e dos ciclos.

Apesar de a meta nacional do ensino médio, de 3,7, ter sido atingida nessa etapa, em oito Estados brasileiros, além do Distrito Federal, os índices apresentados em 2011 são inferiores aos obtidos em 2009.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) estipulou uma meta nacional de 5,2 para ser alcançada no ensino médio em 2021. Além das metas estaduais e nacional, o há metas para cada escola.

Na comparação com 2009, considerando redes estaduais, federais e particulares, caíram de desempenho, por exemplo, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Paraíba. Bahia e Maranhão.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, admitiu que o fraco desempenho do ensino médio no Ideb é "um imenso desafio". Segundo ele, os problemas são conhecidos e o governo se prepara para enfrentá-los.

"Um fator claro é a estrutura curricular, muito extensa no ensino médio. São 13 disciplinas, que chegam a 19 se consideradas as disciplinas complementares. São muitas matérias."

Outro fator é o número elevado de estudantes do ensino médio que estudam à noite. "O rendimento é comprometido porque muitos desses alunos trabalham e, com tantas disciplinas, eles ficam desestimulados."

Governos locais, De acordo com o Inep, a rede estadual é responsável por cerca de 97% da matrícula do ensino médio na rede pública do País, o que torna a questão uma responsabilidade dos governos locais. O avanço do Ideb no ensino médio é mais lento que o observado nos dois ciclos do ensino fundamental, e as médias são mais baixas.

Embora o Ideb do ensino médio tenha subido de 3,6 para 3,7 (considerando todas as redes de ensino), o índice das redes estaduais ficou estável - manteve-se em 3,4. O Ideb da rede privada nesse nível de ensino é de 5,7.

Segundo Maria do Pilar Lacerda, ex-secretária de Educação Básica do MEC, que saiu do ministério com a chegada de Mercadante, o formato da escola não dialoga com os adolescentes.

"A gente nunca ousou suficientemente na organização dos ensinos fundamental 2 e médio e não conseguiu avançar mais." Ela diz que o novo currículo do ensino médio deve trazer resultados.

Finais. Nos ciclo 2 do fundamental, da 5.ª à 8.ª série, 44% das escolas públicas do País não atingiram as metas do Ideb. São mais de 12 mil escolas, de um total de 28.514 avaliadas. O levantamento foi feito pela Meritt Informação Educacional.

Em 14 Estados, a maioria das Regiões Norte e Nordeste, mais da metade das escolas não atingiram as metas. No Amapá apenas 27% das unidades públicas alcançaram o índice.

Em Mato Grosso, com a melhor situação, 81% das escolas conseguiram. Em São Paulo, foram 2.703 unidades (55%). Houve queda na nota em 37% das escolas. A pior situação foi em Alagoas, onde 232 escolas (55% do total) públicas tiveram índice menor que em 2009.

Segundo Mozart Neves Ramos, do Todos Pela Educação e Conselho Nacional de Educação, a situação preocupa. "O crescimento do Ideb nos anos finais do ensino fundamental é muito discreto." Segundo ele, quatro Estados precisam de uma maior atenção. "Maranhão, Alagoas, Sergipe e Pará ainda não conseguem avançar no processo."

Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), os resultados representam o nível da desigualdade do ensino.

"O Ideb está bom, a escola é que está ruim". Ele ressalta que Ideb alto não significa que a escola boa, nem que o aluno que esteja nela aprenda.

Da 1.ª à 4.ª série, a média do Ideb teve o maior avanço e chegou a 4,7 na rede pública. Cerca de 66% das 37,1 mil escolas alcançaram a meta. / RAFAEL MORAES MOURA, JOSÉ EDUARDO BARELLA, DAVI LIRA, OCIMARA BALMANT e PAULO SALDAÑA