Título: Queda da Selic já afeta BB e lucro recua 7,5% no semestre
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/08/2012, Economia, p. B8

Redução do juro básico já impacta spreads do banco, que vê na expansão do crédito a saída para manter a rentabilidade

O lucro do Banco do Brasil caiu quase 10% no segundo trimestre, para R$ 3 bilhões. Considerando todo o primeiro semestre, o ganho também foi menor que o do mesmo período de 2011: R$ 5,7 bilhões, ante R$ 6,2 bilhões, ou seja, um recuo de 7,5%. Entre os grandes bancos de varejo, BB, Itaú e Santander viram o lucro encolher em 2012.

Mas, diferentemente dos dois competidores privados, que atribuíram a perda de força principalmente à inadimplência, o BB disse que o resultado já sofreu o impacto da queda da taxa Selic aos níveis mais baixos da história.

"Com juros e spreads em queda, é natural uma diminuição da lucratividade", disse o presidente do BB, Aldemir Bendine. Spread bancário é a diferença entre o que o banco paga para captar e o que cobra no empréstimo. Segundo ele, o spread bruto (sem a incidência de impostos) do BB, hoje, está na casa de 7%. "Há cerca de dois, três anos, o spread estava em 10%."

Segundo Bendine, "essa será a dinâmica daqui para a frente". Ele acredita que, em dois ou três anos, o spread cairá para a faixa de 4%. Ele explicou que o banco apostará em mais empréstimos para compensar o spread menor.

Por isso, a carteira de crédito total do BB avançou no primeiro semestre em ritmo mais acelerado que o de seus pares privados: 20,3%, ante 14,1% do Bradesco, por exemplo. Em valores, a carteira encerrou o segundo trimestre em R$ 508,2 bilhões.

Mesmo com o crédito em alta, a inadimplência ficou estável. O índice para atrasos acima de 90 dias no BB ficou em 2,15%, igual ao do primeiro trimestre. No mesmo período, a média do sistema subiu de 3,74% para 3,78%.

As ações do BB caíram 4,1% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ontem, enquanto o principal termômetro da bolsa (Ibovespa) perdeu 1,76%. Os papéis do Itaú recuaram 0,74% e os do Bradesco, 0,44%. / LEANDRO MODÉ e ANGELO IKEDA