Título: Após mensalão, Dilma terá de nomear ministros
Autor: Recondo, Felipe ; Brito, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/08/2012, Nacional, p. A8

À sua imagem e semelhança, a presidente Dilma Rousseff vai começar, no período pós-mensalão, a mudar a feição do Supremo Tribunal Federal. A aposentado­ria de dois ministros neste ano - Cezar Peluso e Carlos Ayres Britto - e a possível antecipação da saída do ministro Celso de Mello permitirá que a presidente te­nha nos próximos meses cinco integrantes da Corte escolhidos por ela.

Os candidatos às duas vagas deste ano são incertos, mas a pre­sidente já instituiu sua banca para escolhê-los. O ministro da Jus­tiça, José Eduardo Cardozo, tam­bém cotado para uma vaga no tri­bunal nos próximos anos, e o se­cretário executivo da Casa Civil, Beto Vasconcelos, sabatinam os candidatos para as duas vagas certas - uma será aberta em se­tembro e outra em novembro, quando Ayres Britto irá comple­tar 70 anos.

O processo iniciado antes do julgamento do mensalão é toca­do, como manda Dilma, com a maior discrição possível. Os três nomes que a presidente indicará podem mudar a característica da Corte, hoje moldada pelo ex-pre­sidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Da atual composição do STF, seis ministros foram nomeados por Lula. Assim que assumiu o governo, Dilma indicou Luiz Fux para o Supremo. O nome foi padrinhado pelo então ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci.

O tom das indicações de Dil­ma, afirmam integrantes do go­verno, é dado pelo perfil de Rosa Weber, também escolhida pela presidente. Considerada discre­ta, Rosa não concedeu uma en­trevista desde que foi nomeada - no final do ano passado.

No tribunal, já participou de julgamentos importantes, como a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa e da política de co­tas raciais, sem entrar em conflito com os demais ministros do Supremo e sem se deixar impres­sionar pela repercussão pública dos casos. Outro critério levado em con­sideração por todos os presiden­tes é o compromisso dos minis­tros do tribunal com as contas públicas.