Título: Russomanno lidera em redutos do PT
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/08/2012, Nacional, p. A14

Celso Russomanno (PRB) lide­ra sozinho a corrida eleitoral da zona petista de São Paulo. Sua intenção de voto nas áreas onde o PT costuma ser o mais votado é quase quatro vezes maior que a de Fernando Had­dad: 26% a 7%, segundo o Ibo- pe. Nessas zonas periféricas, José Serra (PSDB) tem 21% de intenção de voto estimulada, mesmo patamar a que chegou na eleição presidencial de 2010 nesses locais. A novida­de, portanto, é Russomanno.

O voto do paulistano tem coe­rência geográfica e histórica. Os mapas das últimas três eleições majoritárias na cidade se sobre­põem e se repetem. O centro ex­pandido é majoritariamente antipetista, enquanto as periferias ao sul, leste e norte votam prefe­rencialmente em candidatos do PT. Entre elas, uma zona volúvel balança entre o apoio e a rejeição aos petistas e seus adversários.

A pedido do Estadão Dados, o Ibope mapeou o voto em São Paulo em 2008 e 20104. A zona azul, onde fica o centro expandido, corres­ponde à metade do eleitorado da cidade. Seus moradores têm o dobro da renda dos da zona ver­melha, são mais velhos e há maior concentração de brancos. Nela, os candidatos do PT a pre­ feito, governador ou presidente nunca foram os mais votados. É a zona antipetista.

O oposto ocorre na zona ver­melha, onde estão 41% dos eleito­res. Lá, candidatos do PT recebe­ram mais votos do que os adver­sários nas três votações majoritá­rias analisadas. Seus moradores são mais pobres e jovens do que os do centro antipetista. Tam­bém há maior concentração de pretos e pardos, na definição usa­da pelo IBGE.

Termômetro. Na zona cinzen­ta estão 9% dos eleitores. Às ve­zes eles votam mais num petista,, outras num tucano ou num malu- fista. A zona volúvel não tem pe­so para definir a eleição, mas é um termômetro de para onde o paulistano balança a cada pleito.

No primeiro turno de 2008, a zona volúvel rachou entre Marta Suplicy (PT) e Gilberto Kassab (então no DEM), como ocorreu no total da cidade. Em 2010, Dil­ma Rousseff (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) foram os mais vota­dos lá e acabaram eleitos.

Por ora, há empate técnico na zona cinzenta: 26% para Russomanno e 23% para Serra. Mas o tucano tem rejeição acima da mé­dia nessa zona: 43%. Só 1% dos eleitores de lá não votariam de jeito nenhum em Russomanno.

Na zona antipetista, Serra lide­ra com 30% das intenções de vo­to estimuladas, mas é seguido de perto por Russomanno, com 24%. Ao contrário do tucano, que depende desproporcional­mente do centro antipetista, o candidato do PRB tem uma distribuiçâo de eleitores que equiva­le ao peso de cada zona. Mas isso só acontece na pesquisa estimulada - reflexo do alto conhecimento do nome do apresentador de TV e indício da despolitização da campanha até agora. O resultado é diferente na distribuiçâo do voto espontâneo, aquele que o eleitor dá sem precisar ler o nome dos candidatos. Nada menos do que 71% do voto espontâneo em Serra vem da zo­na antipetista. O eleitor que tem o nome de Russomanno na pon­ta da língua também está superrepresentado na área anti-PT: 59%. Para Haddad, a distribui­ção do voto espontâneo é propor­cional ào peso de cada zona no total da cidade.

O estudo do Ibope revela que há uma grande diferença no grau de interesse do eleitor pela cam­panha entre as três zonas homo­gêneas. Na zona petista, 69% di­zem ter pouco ou nenhum inte­resse pela eleição, contra 53% na zona antipetista. É um sinal da desmobilização do eleitorado petista e uma explicação de por que Haddad vai tão mal, ao menos por ora, nos redutos do PT.