Título: Daqui a duas semanas, mais um pibinho
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/08/2012, Economia, p. B5

Vem aí mais um "pibinho". Daqui a duas semanas, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, e a expectativa é que o resultado seja baixo: entre 0,4% e 0,5%, nas contas de consultorias e até do governo. Junto com o frustrante 0,2% no primeiro trimestre, o dado aponta crescimento na casa de 1,5% este ano.

O resultado perto de zero do primeiro trimestre, anunciado em junho, desencadeou uma reação de alerta no governo, e novas medidas de estímulo à economia, como a ampliação do programa Brasil Maior, foram anunciadas em seguida. Agora, a presidente Dilma Rousseff já tem engatilhadas outras iniciativas, como a redução do custo da energia e um novo programa de concessões em infraestrutura.

"O fato é que crescemos estes últimos anos na carona da China e agora o quadro mudou", avalia o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, que espera expansão do PIB entre 1,3% e 1,4% este ano. Mas ele relativiza: a taxa deste ano é um "pibinho" se comparada à China e aos emergentes, mas é um "pibão" perto da Europa e um empate ante os EUA.

"As notícias internacionais têm de ajudar para termos uma recuperação no segundo semestre", diz o economista-chefe da corretora Convenção Tullet Prebon, Fernando Montero, que prevê alta de 1,7% no PIB este ano.

O efeito ruim de uma expansão tão baixa do PIB é o desânimo que provoca. "Ninguém quer investir", diz Gonçalves. Ele tem dúvidas se o pacote em preparação no governo vai despertar o "espírito animal" do empresariado. "Se o comércio mundial vai cair, investir em portos não parece muito prudente."

O economista Bráulio Borges, da consultoria LCA, discorda. "Acho que será uma sinalização importante ao setor privado." Mesmo levando em conta que os efeitos econômicos das concessões deverão demorar perto de um ano para sair do papel, ele acredita que haverá um efeito positivo no planejamento das empresas. "Uma redução de 10% na eletricidade, como estão falando, será um tremendo ganho de produtividade". Ele espera, ainda assim, 1,8% em 2012.

O mau desempenho neste ano tem levado consultorias e bancos a reduzir as projeções de crescimento também para 2013. A pesquisa Focus, do Banco Central, mostra que as projeções estão caindo há duas semanas consecutivas, de 4,2% para 4%, e a expectativa é de novas reduções.

Embora bem melhor do que 2012, o crescimento fica aquém dos 5,5% que o governo projetou na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). "Teremos crescimento moderado de 3%, mas para isso precisaremos crescer em média 1% por trimestre até o final de 2013", diz o economista Sérgio Valle, da MB Associados.