Título: Fabricantes aceitaram reivindicações inéditas
Autor: Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/08/2012, Economia, p. B6

Com data-base em 1.º de junho, outros trabalhadores do setor de borracha na Bahia fecharam acordos com as fabricantes e algumas aceitaram reivindicações inéditas. A Continental Pneus, também de Camaçari, concordou em pagar um prêmio férias, que dá direito ao funcionário receber 15% do salário no retorno do descanso anual estabelecido em lei.

A empresa também concordou com o aumento real de 2% e os R$ 9,2 mil em participação nos resultados. A Continental é a única das três fabricantes de pneus da Bahia que não teve a produção interrompida este ano. A Pirelli enfrentou 12 dias de greve. "O custo Brasil vem crescendo forte nos últimos três anos, especialmente com a mão de obra", diz o diretor superintendente da Continental, Renato Sarzano. "É muito difícil explicar essa alta para a matriz, na Alemanha".

Inaugurada em 2006, a unidade baiana da Continental é a única do grupo no Brasil no segmento de pneus e emprega 1.150 pessoas. Clodoaldo Gomes, presidente do Sindborracha, afirma que a empresa tem mantido política diferenciada das demais de valorizar sua mão de obra. O prêmio férias representa cerca de R$ 255 extra para o funcionário. Segundo o sindicalista, empresas de outros setores na Bahia também pagam o benefício.

Importação. Sarzano diz que o grupo está preocupado com a baixa rentabilidade da operação, em razão também dos altos custos da matéria-prima e da energia elétrica, entre outros itens. Além disso, o produto nacional enfrenta a concorrência dos importados.

O presidente da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), Eugênio Deliberato, informa que 40% dos pneus vendidos no mercado de reposição são importados, a maioria da Ásia. Grande parte, segundo ele, entra no País de forma irregular.

O mercado de reposição responde por quase metade da produção das empresas do setor, enquanto a vendas para montadoras ficam com pouco mais de 30% e as exportações, com 21%. Em 2010, as empresas produziram 67,3 milhões de pneus no Brasil, volume que baixou para 66,9 milhões em 2011 e que este ano deve ficar próximo a 60 milhões de unidades.

Deliberato afirma que muitos "investimentos estão sendo contidos porque a produção não cresce". As empresas do setor anunciaram plano de aplicar US$ 2,5 bilhões no período 2012 a 2015, mas vários projetos estão sendo congelados. / C.S