Título: Queda do Monte dei Paschi começou em 2007
Autor: Smoltczyk, Alexander
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/08/2012, Economia, p. B14/15

Oferta de 9 bi pelo Antonveneta foi o início da crise do banco de Siena, que opera desde 1472

A queda em desgraça do Monte dei Paschi di Siena (MPS) pode ser datada de 2007. Aquela foi a época das fusões, e todos acreditavam que os bancos pequenos não tinham nenhuma chance de fazer frente aos mercados financeiros - nem mesmo um banco como o MPS, que opera desde 1472, e emprestava dinheiro quando Cristóvão Colombo ainda aprendia a navegar.

Quando o importante banco holandês ABN Amro quebrou, o banco afiliado italiano Antonveneta, cujo quartel-general ficava na rica região nordeste do país, foi vendido para o importante banco espanhol Santander. Depois de adquirir o Antonveneta, os espanhóis decidiram vendê-lo novamente e receberam uma oferta de cerca de 7 bilhões do banco francês BNP Paribas.

Sem ser solicitados, os sienenses apresentaram uma oferta pelo Antonveneta 2 bilhões acima da feita pelo BNP Paribas. Era um preço que exprimia apenas um valor afetivo, que o povo, pouco a par de mercados financeiros, mas muito informado sobre a história da corrida do Pálio, do sistema de contrades e de outros círculos do poder, estava disposto a pagar.

A administração da cidade deu sinal verde ao negócio. "Os lucros serão grandes para os acionistas", declarou Francesco Ceccuzzi, membro do Partido Democrático de esquerda que mais tarde se tornaria prefeito de Siena. Isso aconteceu em novembro de 2007.

Algumas semanas antes, o banco britânico Northern Rock tinha tido problemas de refinanciamento. Seis meses mais tarde, a crise financeira se agravava e o preço das ações do MPS caiu consideravelmente. O banco havia financiado em parte a aquisição do Antonveneta com um aumento de capital de 5 bilhões, a ser pago pelos acionistas - em primeiro lugar, o acionista majoritário, a Fondazione MPS. A fundação teve trabalho para conseguir mais de 2 bilhões para ajudar a financiar a compra do Antonveneta.

Outro problema são mais de 25 bilhões em títulos a longo prazo do governo italiano em poder do banco. Esses papéis deixaram de ser considerados necessariamente como garantia, principalmente depois que a agência de classificação de risco americana Moody's rebaixou mais uma vez o rating de crédito da Itália, em meados de julho.

Para piorar a situação, a Autoridade Bancária Europeia descobriu durante o teste de estresse dos bancos um déficit de capital no MPS e insistiu que o banco aumentasse seu capital em 3,2 bilhões. Nesse ponto, a fundação foi obrigada a recuar e decidiu vender 15% do banco. Foi uma revolução - e um desastre.