Título: Advogados questionam por que Lula não foi investigado
Autor: Recondo, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/08/2012, Nacional, p. A8

As defesas do deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP), ex-presidente do extinto PL, do ex-tesoureiro Jacinto Lamas e de seu irmão, Antonio Lamas, cita­ram ontem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao pedir a ab­solvição de seus clientes ao Supre­mo Tribunal Federal, destacando que Lula deveria ter sido investi­gado pelo Ministério Público.

Advogado de Costa Neto, Mar­celo Luiz Ávila de Bessa disse que o deputado não pode ser conde­nado, já que recebeu os recursos como presidente do PL e por cau­sa de um acordo político firmado na eleição de 2002 para a monta­gem da chapa de Lula com José Alencar. Ele citou uma reunião de em junho de 2002, da qual te­riam participado Lula, Alencar, Costa Neto, Delúbio Soares e Jo­sé Dirceu. E disse que, na ocasião, estava em vigor a regra da verticalização das alianças, que impu­nha aos partidos o dever de seguir nos Estados as coligações feitas em nível nacional. Por isso, o PL precisava ajudar os candidatos. "Pode ter ocorrido (mensalão) ou não, mas em relação ao PL não."

Quatro paredes. Defensor do ex-tesoureiro do PL Jacinto La­mas, o advogado Délio Lins e Silva Júnior criticou a acusação, que afirmou que as tratativas do men­salão eram feitas "entre quatro pa­redes do Planalto", mas decidiu não investigar o ex-presidente Lu­la. "Por que é tão fácil acreditar em Lula, mesmo com depoimen­to (do ex-deputado Roberto Jefferson) dizendo que ele sabia, e difí­cil acreditar em Jacinto Lamas, de que ele não sabia e não tendo depoimento contrário?", disse. "O pau só quebra nas costas do peque­no", acrescentou Délio Lins e Sil­va, que defende Antonio Lamas.

Júnior afirmou que "Valdemar mandavano partido", e que "Jacin­to era um zero à esquerda em ter­mos políticos e financeiros". "Ja­cinto não recebeu um tostão fura­do do esquema." A defesa de Breno Fischberg, ex-sócio da correto­ra Bonus Banval, negou qualquer vínculo dele com o publicitário Marcos Valério. O advogado Gui­lherme Moraes Nostre disse que Valério desmentiu em juízo que co­nhecesse Fischberg, retificando declaração dada à Polícia Federal.