Título: Trabalhadores têm de dizer onde verba deve ser aplicada
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/08/2012, Nacional, p. A8

Candidata do PCO admite que não disputa eleição para vencer, e sim para expor problemas do atual sistema político

A candidata do PCO à Prefeitura de São Paulo, Anaí Caproni, defendeu ontem a convocação de assembleias de bairros como primeira medida de um governo municipal voltado à "causa operária", assim como uma reunião com representantes do funcionalismo público para determinar as prioridades de governo durante o mandato.

"Tiraríamos um plano, propostas para quebrar esse sistema, Os trabalhadores têm que opinar para onde irão os recursos (da Prefeitura). A situação chegou no limite dos limites", disse Anaí, ao participar da série Entrevistas Estadão. Os 12 candidatos a prefeito de São Paulo foram convidados e devem ser entrevistados até o fim da próxima semana.

Anaí reconheceu que seu partido não tem condições de sair vencedor das disputas eleitorais - em 2008, o PCO foi o último colocado em São Paulo, com 0,03% dos votos válidos - e disse que o objetivo é "trazer à tona problemas que o eleitor tem dificuldade de saber". "Quem não participa do meio político entra no processo eleitoral com mais expectativa do que pode ser atingida", observou.

Como exemplo desses problemas do sistema político, a candidata citou o "aluguel" de partidos em troca de tempo de televisão para a propaganda partidária. Ela acusou o prefeito Gilberto Kassab de ter criado o PSD com esse objetivo. "Partidos são criados para conseguir tempo na TV. Nessa (eleição), entra o partido do prefeito (PSD), mas existem outros."

Pressão. Anaí atrasou-se para a entrevista, na sede do Grupo Estado, por causa de uma interrupção no metrô, provocada por uma invasão na linha das composições. Ao tratar de transporte, a candidata defendeu a ampliação do transporte sobre trilhos - "não é segredo que essa é a solução para o trânsito", afirmou -, mas criticou o atual ritmo de construção de novas linhas.

"Todas as eleições entregam uma ou duas estações para mostrar no marketing eleitoral", afirmou Anaí. Ela acredita que, se a Prefeitura pressionar, o governo estadual aumentaria o ritmo de obras. "Se fizer pressão, se tiver a decisão de colocar em prática algumas propostas, é praticamente irresistível. A administração estadual não vai se indispor, comprar briga com a Prefeitura", avaliou.

Anaí apresentou um discurso marcado pela defesa da estatização de serviços públicos. Segundo a candidata, a maneira como a cidade se organiza privilegia setores econômicos em detrimento da maior parte da população. "O miolo da questão é quebrar o monopólio dos empresários, acabar com as privatizações. Em São Paulo, têm as companhias de ônibus, empreiteiras que sugam verba", bradou.

Sempre crítica à gestão Kassab, a candidata do PCO condenou as ações municipais na cracolândia e afirmou que o objetivo do projeto Nova Luz é atender ao mercado imobiliário. "Foi uma política meio nazista de espantar as pessoas com problemas para melhorar os negócios", disse Anaí.