Título: PIB do BC indica crescimento de 0,75% em junho, mas ritmo continua fraco
Autor: Cucolo, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/08/2012, Economia, p. B1

A economia brasileira deu no­vo sinal de recuperação em ju­nho, mas continua com ritmo de crescimento fraco, o que abre espaço para mais medidas de estímulo ao consumo e in­vestimento, como sinalizou on­tem o governo, e novos cortes de juros, como aposta o merca­do financeiro. Ontem, o Banco Central divulgou seu índice de atividade econômica, o IBC- Br, que em junho teve a maior alta em comparação ao mês an­terior no período de 15 meses.

O indicador conhecido como "PIB do BC" mostrou alta de 0,75% em relação a maio. É o me­lhor resultado desde o 1,47% em março de 2011. Ainda há dúvidas entre os economistas, no entan­to, sobre a continuidade e a intensidade dessa recuperação.

O resultado de junho foi impul­sionado, principalmente, pelo corte de impostos do consumo, juros mais baixos e aumento do crédito, que ajudaram as vendas do varejo. O desempenho da in­dústria, porém, continua fraco.

O economista Sílvio Campos Neto, da Tendências Consulto­ria, disse que o resultado foi satis­fatório, mas o crescimento de 0,4% mostrado pelo IBC-Br no segundo trimestre em relação ao primeiro ainda é "bem modes­to", além de estar abaixo dos 0,6% entre janeiro e março. Ou­tro dado fraco é o crescimento nos 12 meses até junho, que foi de apenas 1,2%, menos da meta­de do verificado no final de 2011.

O economista-chefe da corre­tora Gradual, André Perfeito, destaca que o varejo "disparou" no último trimestre, mas a indús­tria "afundou". Já o indicador do BC, influenciado pelos números dos dois setores, teve resultado fraco, que indica expansão de apenas 1,8% para 2012.

Economistas do Itaú Uniban­co também consideram que os sinais de recuperação ainda são "incipientes" e estão muito con­centrados em setores beneficia­dos por medidas do governo. Di­zem ainda que alguns dados de julho, como confiança indus­trial, vendas de veículos e consu­mo de energia, não são positivos.

Ontem, a presidente Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do BC, Alexandre Tombini, ava­liaram que a economia está reagindo aos estímulos e se recupe­rando dos efeitos da crise. Mas voltaram a dizer que o governo vai anunciar mais medidas.

Juros. O IBC-Br é considerado uma prévia mensal do PIB, que é divulgado a cada três meses pelo IBGE. O dado oficial do PIB no trimestre passado será anuncia­do no dia 31. No dia anterior, o BC se reúne para decidir se corta a taxa Selic, hoje em 8% ao ano.

A expectativa do mercado é que a taxa caia para 7,5% neste mês, mas alguns analistas, como André Perfeito, avaliam que po­de chegar a 6% até o fim do ano, pois grande parte das medidas só terão efeito mais claro em 2013. Para a maioria dos analistas, po­rém, os sinais de recuperação in­dicam juros maiores no próximo ano. / COLABOROU EQUIPE AE