Título: Nova política econômica desafia a indústria nacional
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/08/2012, Economia, p. B2

O índice de Ati­vidade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de ju­nho, com cresci­mento de o,75% - o maior desde mar­ço de 2010-, capta uma recuperação da atividade. Cumpre lembrar que se refere a um período em que a nova política do governo ainda não tinha definição. Se as concessões e as Par­cerias Público-Privadas (PPPs) fo­rem conduzidas com competência, tudo indica que se pode abrir uma perspectiva totalmente nova para a indústria brasileira.

E um cenário em que o setor manufatureiro - que até agora só viu am­pliado o fosso que existe entre a ofer­ta e a demanda - enfrentará um real desafio que também pode ser uma oportunidade para dar grande impul­so ao volume de sua produção e à sua competitividade.

Como já tivemos oportunidade de mostrar, os investimentos na infraestrutura não somente contribuem pa­ra criar um ambiente mais favorável à elevação da competitividade, como também atuam para aumentar a de­manda corrente, porém de um modo melhor do que simplesmente aumen­tando salários e crédito.

Um programa de R$ 133 bilhões destinado a investimentos nas rodo­vias e ferrovias do País, desde que se­ja de fato cumprido, gera forte de­manda suplementar. Trata-se de in­vestimentos que ocupam numerosa mão de obra, que vai aumentar as compras no mercado interno. E a van­tagem adicional desse sistema é o tempo de execução prolongado dos projetos, o que oferece às empresas industriais e de serviços prazos dila­tados para planejamento de sua ex­pansão, sem os paralisantes atrasos financeiros do setor público, por esta­i rem nas mão de empresas privadas.

Máquinas para terraplenagem, por exemplo, terão sua demanda consideravelmente aumentada, enquanto as necessidades de cimento explodirão. Logo a demanda de trilhos, cuja produção o Brasil quase abandonou, pode se tornar uma das maiores do mundo. Segue-se, também, a forte demanda de vagões e locomotivas.

Cabe à indústria nacional se prepa­rar para corresponder a essas deman­das, cujo volume justificará ampla­mente a realização de investimentos para oferecer produtos com alta tec­nologia, já conhecida no País, em con­dições que permitam enfrentar a con­corrência internacional. E esta não deve ser impedida ou descartada, por ter a grande vantagem de exercer pressão sobre as empresas nacio­nais, que poderão formalizar com elas joint ventures que facilitem a transferência de novas tecnologias. É uma oportunidade que não se pode perder.