Título: Para o governo, economia decolou
Autor: Moura, Rafael Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/08/2012, Economia, p. B3

Dilma diz que agora vai tentar baixar o custo da energia, enquanto Mantega fala que o Brasil "dobrou o Cabo da Boa Esperança"

O governo aproveitou dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC) para reforçar as apostas de que a economia vai acelerar neste segundo semes­tre. Em discursos otimistas, a presidente Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, comemoraram os números e deixaram aberta a possibilidade de novas medidas de estímulo.

Nas palavras de Mantega, o País ultrapassou o "Cabo da Boa Esperança" em junho, após a es­tagnação dos primeiros meses do ano. Em Alagoas, onde partici­pou da inauguração de uma uni­dade da petroquímica Braskem, Dilma atribuiu o início de reto­mada econômica aos pacotes anunciados pelo governo nos úl­timos meses e prometeu que o País continuará crescendo, ape­sar do cenário turbulento na Eu­ropa e nos Estados Unidos.

"Nós ainda temos um conjun­to de desafios a encarar, no mo­mento em que nós estamos ven­do que o Brasil começa a reagir de forma mais significativa aos estímulos que o governo, desde o ano passado, vem fazendo para assegurar que este País continue produzindo os empregos neces­sários e a renda necessária de for­ma a garantir um crescimento de renda e de patamar de satisfação para a nossa população", disse.

Investimentos. A presidente ressaltou que as empresas se­guem ampliando suas apostas no País, "e é por isso que o Brasil hoje continua sendo um dos paí­ses que mais vai crescer e que tem tido uma postura de comba­te à crise que se caracteriza pela ampliação do investimento." "Estamos muito preocupados, no governo, com a questão do custo e da competitividade da indústria, por isso estamos fa­zendo uma série de atividades e programas que têm por objetivo reduzir o custo logístico", desta­cou a presidente, citando as con­cessões de rodovias e ferrovias, anunciadas na quarta-feira, e lembrando que haverá um plano para portos e aeroportos. "E tam­bém iremos mudar o patamar de custo da energia elétrica."

Em São Paulo, Mantega voltou a afirmar que a economia brasileira se recupera de maneira "cada vez mais nítida" e que a retomada deve mostrar sinais mais claros neste segundo se­mestre. "Ultrapassamos o Cabo da Boa Esperança", disse. De acordo com o ministro, a economia deverá crescer a uma taxa de 4% nos últimos três meses do ano. "O varejo teve um crescimento extraordinário", lembrou Mantega, reiterando que o governo continuará tomando medidas para estimular o crescimento.

Entretanto, ele deixou em aberto a prorrogação do corte de IPI para automóveis, móveis e eletrodomésticos da linha bran­ca, um benefício que expira no dia 31 de agosto.

Já o programa de desoneração da folha de pagamento deve con­tinuar "gradualmente". "O go­verno tem feito várias desonera­ções em 2012, que somarão R$ 45 bilhões até o fim do ano."

Para Tombini, do Banco Cen­tral, "o crescimento irá se acele­rar nos próximos trimestres", co­mentou em palestra em São Pau­lo. Ele observou que o crescimen­to irá ocorrer em um ambiente de estabilidade de preços e com inflação convergindo para a me­ta. "O cenário de crescimento pa­ra os próximos meses se dará em um ambiente de estabilidade."

COLABORARAM BIANCA RIBEIRO, FERNANDA GUIMARÃES, GUSTAVO PORTO, RICARDO LEOPOLDO, FRANCISCO CARLOS DE ASSIS e WLADIMIR D"ANDRADE

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 18/08/2012 03:28