Título: Não tenho que bajular a Dilma, os outros têm
Autor: Waltenberg, Guilherme
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/08/2012, Nacional, p. A7

Pedetista faz críticas à presidente e diz que adversário petista "pirateia" as suas ideias

O candidato do PDT à Prefeitura de São Paulo, Paulinho da Força, escolheu o PT como alvo das críticas mais duras que fez ontem, ao participar da série Entrevistas Estadão. O pedetista acusou o candidato Fernando Haddad (PT) de ter "pirateado" uma proposta de governo e, por não precisar "puxar o saco" da presidente Dilma Rousseff, disse que o governo deixa de "ver o outro lado da crise, o social", ao lidar com questões da economia.

Paulinho disse que Haddad copiou sua proposta de dar incentivo fiscal às empresas que se instalarem em áreas carentes de emprego. "Minhas propostas estão sendo pirateadas, o Haddad é um deles", disse, salientando que registrou seu programa de governo em abril. "Essa da descentralização, de levar o emprego para a periferia", citou. Paulinho quer reduzir o Imposto sobre Serviços (ISS) de 5% para 2% nas áreas periféricas para estimular a oferta de trabalho e, com isso, reduzir os deslocamentos e o trânsito. "Calculo que em quatro anos consigo mover 2 milhões de empregos."

O candidato do PDT, que é deputado federal e se licenciou da Força Sindical para disputar a Prefeitura, criticou a maneira como Dilma tem lidado com a greve dos servidores federais e disse que a presidente "assumiu compromissos com os trabalhadores e não cumpriu", como a concessão de aumento salarial e a redução de encargos.

Para o pedetista, que se definiu como "de esquerda", "no governo (federal) tem falta de diálogo e falta de compromisso". "A Dilma é muito empenhada pelos números e não vê o outro lado da crise, o social", afirmou. Apesar do discurso duro, Paulinho disse ter boa interlocução com a presidente. "Minha função é justamente falar com ela. Não tenho salário dela, tenho falado as coisas que tenho que falar, os outros tem que puxar saco, eu não. Tenho que ter relação com ela para falar sobre a dívida do município, e essas coisas."

Ideias. Perguntado sobre o início da propaganda eleitoral, Paulinho disse que não fará ataques e vai dar prioridade à apresentação de propostas, como o fim da progressão continuada no ensino municipal - "um crime contra os pobres" - e a promoção de eleições diretas para escolher os 31 subprefeitos da cidade. Questionado se isso não abriria espaço para se formar um bloco de oposição dentro do governo, o candidato disse não haver problema. "Prefeito de São Paulo tem que saber aguentar pressão", definiu.

Instado a dizer o que pensa do atual prefeito, Gilberto Kassab (PSD, o pedetista disse que houve "erros". "O pior foi a centralização da administração. Eu vou fazer o contrário, uma descentralização. O ponto alto foi a Lei Cidade Limpa. Mas não vou falar mal de ninguém", emendou.

O PDT de Paulinho indicou o subsecretário do Trabalho na gestão Kassab e ocupa cargos nos governos de Dilma e de Geraldo Alckmin (PSDB). Para o candidato, isso ocorre porque a sigla "tem experiência na área do trabalho". "Independentemente de governos, apoiamos os trabalhadores."

Ao comentar o caso de seu filho - em julho, o Estado revelou que Alexandre Pereira da Silva atuou em cargo político da Secretaria Estadual de Emprego e Relações do Trabalho sem ter sido nomeado pelo governo - Paulinho negou ilegalidade. "Não tinha nenhuma denúncia (de irregularidade). Me parece que só porque é meu filho que não pode trabalhar. Ele era apenas funcionário de uma terceirizada. No meu ponto de vista, (o caso) está superado", disse. O candidato negou ter indicado o filho para o cargo. Alexandre deixou o posto após a publicação da reportagem.