Título: Jornais debatem cobrança por conteúdo
Autor: Álvares, Débora
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/08/2012, Nacional, p. A8

Os veículos de comunicação do Brasil devem pensar logo em como cobrar pelo conteúdo digital que oferecem em sites, smartphones e tablets, prática conhecida como paywall. A avaliação foi feita ontem pelo gerente-geral de News Service do jornal The New York Times, Michael Greenspon, que participou do primeiro painel do 9.º Congresso Brasileiro de Jornais. O evento termina hoje, no Sheraton WTC Hotel.

Em sua palestra sobre o tema Construindo Novos Modelos de Negócios, Greenspon lembrou que o NY Times tem cerca de 500 mil assinantes que pagam, por algum dos três tipos de pacotes digitais oferecidos, US$ 20 por mês em média. O paywall adotado pelo jornal nova-iorquino se sustenta em quatro pilares: engajamento social, conteúdo em vídeo, móvel e internacional.

Para Greenspon, a cobrança pelo conteúdo digital, implementada no ano passado, "deveria ter ocorrido antes". "Um total de 40% da nossa audiência se dizia disposto a pagar por algo. Um ano depois da cobrança, nosso modelo de assinatura digital se provou inovador", explicou. Mas ele advertiu que a mudança no modelo não pode implicar o abandono das premissas básicas do bom jornalismo: "Nós não fizemos isso e não vamos fazer. O jornalismo de qualidade é importante e deve ser mantido".

Convencido de que a internet muda os meios, mas não o conteúdo da informação, o ex-diretor da sucursal do Times em Washington Bill Kovach defendeu a adoção de um modelo colaborativo durante o painel Fundamentos do Jornalismo: por que continuam valendo nas novas mídias. Para Kovach, coautor de um clássico das escolas de jornalismo, Os Elementos do Jornalismo, os leitores devem ser tratados como participantes do fazer jornalístico. "O negócio sempre imagina as pessoas como consumidoras. As redações precisam lidar com leitores como parte do que está ocorrendo", sustentou em sua fala. Depois do encontro, ele fez palestra para os jornalistas do Estado, no auditório do jornal.

Transparência

Liberdade de Expressão foi o tema de um painel moderado pelo diretor-presidente do Grupo Estado, Francisco Mesquita Neto. Na exposição, a diretora de Prevenção da Corrupção da Controladoria-Geral da União, Vânia Vieira, apresentou um balanço da Lei de Acesso à Informação (LAI). Para ela, a nova lei apresenta alguns efeitos concretos. "A abertura de dados já vem mudando a relação do Estado com a Administração Pública", disse ela. Segundo ela, a lei ainda tem desafios a superar, como a confusão que os cidadãos têm feito em relação ao que cabe a órgãos federais responder e o que trata de informação pessoal.