Título: Governo vai injetar mais recursos no banco
Autor: Neder, Vinícius
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/08/2012, Economia, p. B1

Recursos do Tesouro deverão ser usados para financiar os projetos dos Estados e o programa de concessões

O governo vai continuar a refor­çar o caixa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar os projetos de investimentos dos Estados e o programa de R$ 133 bilhões de concessões de ro­dovias e ferrovias, lançado pelo governo na semana passada.

Apesar do custo fiscal eleva­do, a política de empréstimos subsidiados do Tesouro Nacio­nal para bancar o aumento dos investimentos será reforçada, já que o financiamento privado de longo prazo ainda não dá sinais de que deslanchará no médio prazo.

O banco já tem uma linha de crédito aprovada de R$ 45 bi­lhões aberta com o Tesouro, mas a equipe econômica trabalha com o aumento dos volumes a serem repassados no próximo ano.

Não há ainda valores defini­dos, porque o montante depen­derá da velocidade com que os projetos forem sendo fechados.

A expectativa da equipe econô­mica é de que 2013 já comece com o aumento mais forte dos desembolsos do banco, porque muitos projetos em andamento - apresentados pelos governos estaduais e a iniciativa privada - devem amadurecer ao longo do segundo semestre deste ano. No primeiro semestre, os desembol­sos do BNDES caíram 3,8% em relação ao mesmo período de 2011 por conta da atividade eco­nômica mais fraca, mas segundo fontes do Ministério da Fazen­da, já deram sinais de retomada nas últimas semanas.

Dos R$ 45 bilhões aprovados este ano, o Tesouro já repassou R$ 10 bilhões. Uma nova tranche deverá ser liberada até o final do ano, provavelmente de R$ 20 bi­lhões. O restante da linha (R$ 15 bilhões) deverá ser liberado nos primeiros meses de 2013. A par­tir daí, o banco vai precisar de mais recursos.

Fomento. Além de financiar os investimentos das empresas que ganharem os leilões das con­cessões, o BNDES também vai liderar o processo de investimen­tos dos Estados. O governo criou emjunho uma linha batizada de Prolnvest - de R$ 20 bi­lhões - para os governadores fa­zerem novos investimentos e au­torizou, na semana passada, que 17 Estados contraíssem mais R$ 41 bilhões de novos emprésti­mos, que podem ser contratados no banco oficial de fomento ou em organismos multilaterais.

A previsão do governo é de que é de que a assinatura dos contratos de concessão de rodovias e ferrovias ocorra em julho do ano que vem. Mesmo com atrasos, co­mum nesses casos, o que se espe­ra é que em 2014 os empréstimos estejam "a todo vapor". O pro­grama anunciado pela presiden­te Dilma Rousseff garante finan­ciamentos com taxas bem mais baratas - TJLP (atualmente em 5,5%) mais juros de 1% a 1,5%. O BNDES também vai reforçar a sua capacidade de análise dos projetos para esse novo ciclo de investimentos com as conces­sões.

Repasse. No ano passado, o mi­nistro da Fazenda, Guido Fazen­da, havia prometido uma desace­leração dos empréstimos do Te­souro ao BNDES, mas o agrava­mento da crise na Europa levou a uma nova retração do crédito no mercado nacional e internacio­nal. Tanto que a ideia inicial do governo era autorizar o repasse de R$ 30 bilhões para o BNDES, mas este valor foi ampliado para os R$ 45 bilhões como sinaliza­ção de que a equipe econômica não deixará faltar recursos para financiar os investimentos no Brasil.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 21/08/2012 05