Título: Empréstimos do BMG são julgados na Justiça Federal
Autor: Recondo, Felipe ; Bresciani, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/09/2012, Nacional, p. A4

Diretores do banco e dirigentes petistas são alvo de denúncia que ficou de fora do mensalão e corre na 1ª instância

Quatro diretores do BMG também foram denunciados pela Procuradoria da República por gestão fraudulenta e falsidade ideológica. Na ação, os diretores do banco Ricardo Guimarães, João Batista de Abreu, Márcio Alaôr de Araújo e Flávio Guimarães são acusados pelo Ministério Público Federal de liberar pelo menos de R$ 43,6 milhões "mediante empréstimos simulados" ao PT e às empresas de Marcos Valério. A Justiça Federal de Minas aceitou a denúncia e afirma que o caso está pronto para ser julgado.

O banco não entrou no julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal porque o Ministério Público considerou que deveria investigar melhor as relações do banco com o governo. Foram denunciados também na Justiça Federal, em primeira instância, os ex-dirigentes do partido, José Genoino e Delúbio Soares; Marcos Valério e sua mulher, Renilda Maria Santiago, além de Ramon Hollerbach, Cristiano de Mello Paz e Rogério Lanza Tolentino. As penas previstas variam de 1 a 12 anos de prisão.

Em janeiro de 2003, antes que o governo Lula completasse um mês, Valério já iniciava as tratativas com o BMG, segundo documentos do Ministério Público Federal publicados pelo revista Época. Logo depois das primeiras reuniões, o processo registra que o BMG começou a liberar dinheiro para o PT e Valério - o Ministério Público afirma que o banco realizou empréstimos irregulares, uma vez que a situação financeira dos tomadores era incompatível com o valor emprestado e que as garantias dadas eram insuficientes.

Para o procurador Patrick Martins, o BMG perdoou altos valores na rolagem das dívidas. O motivo seria a garantia de diversas vantagens por parte do governo federal, como lucros na operacionalização de empréstimos consignados de servidores públicos, pensionistas e aposentados do INSS.

O BMG afirma que os empréstimos tiveram garantias "mais que suficientes e a liberação dos recursos foi precedida de cuidadosa análise". O banco ainda afirma que o Banco Central não apontou irregularidade nos empréstimos. O convênio celebrado pelo BMG com o INSS, também segundo o banco, teria seguido todos os trâmites burocráticos, sem qualquer interferência de terceiros.