Título: Preço de grão em alta transforma pastagem em área de plantação
Autor: Gerbelli, Luiz Guilherme
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/09/2012, Economia, p. B1

Agricultura oferece melhor rentabilidade; expectativa é que área plantada cresça 10% na próxima safra

A economia do Centro-Oeste deve seguir liderando o crescimento do País, se depender da produção de grãos. Para a próxima safra, a expectativa é que a área plantada aumente cerca de 10% - os 25 milhões de hectares devem subir para 27 milhões de hectares em todo o País. "Uma parcela grande desse aumento será em Mato Grosso, em áreas degradadas e que têm pastagem. Essas áreas estão sendo convertidas da pecuária para a agricultura, que está com uma rentabilidade melhor", diz Fábio Trigueirinho, secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

A estimativa da entidade é que a safra 2013/2014 do complexo de soja chegue a 81,3 milhões de toneladas, bastante superior ao desempenho da safra 2012/2013, cuja produção somou 66,6 milhões de toneladas. Esse aumento da produção deve tornar o Brasil o maior produtor de soja do mundo, ultrapassando os EUA.

Os números indicam uma boa safra, mas a preocupação dos produtores é se toda essa produção vai conseguir ser escoada. A região ainda é carente de infraestrutura, o que compromete a rentabilidade da produção local.

Indústria. A indústria de Goiás também enfrenta gargalos de infraestrutura. "Se as indústrias de São Paulo e do Rio enfrentam dificuldade estando próximas dos portos, imagina a de Goiás, que está bem mais distante", diz Welington Vieira, coordenador técnico Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg).

De Anápolis, um centro industrial do Estado, há uma ferrovia para o porto de Santos, mas o custo do frente é muito alto e muitas vezes é mais vantajoso usar o transporte rodoviário. "O problema é que até pouco tempo o uso de rodovias era um caos. As federais eram congestionadas, as estaduais estavam em mau estado", diz Vieira. O recente programa de concessão de rodovias do governo federal contemplou quatro rodovias de Goiás. "A gente compensa essa falta de estrutura com a grande disponibilidade de matéria-prima, tanto de grãos, carne e minerais. Várias empresas se instalam aqui porque ficam próximas da fonte de abastecimento", afirma o Vieira.

A indústria de Goiás espera dados do IBGE para saber se também foi atingida pela retração que afeta o setor. Mas, ao contrário de outros Estados, teve um início de ano bom. No primeiro semestre, segundo IBGE, o crescimento da indústria foi o maior do País, com 9,2%. No mesmo período, a média da indústria do Brasil teve queda de 3,8%./L.G.G