Título: Crescimento ainda é baixo, mas com projeção de melhora
Autor: Amorim, Daniela ; Neder, Vinicius
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/09/2012, Economia, p. B4

Era esperado um crescimento maior para um setor que ao longo do ano registrou seguidas quedas. O aumento de 0,3% da produção industrial em julho não altera muito o quadro para este ano. Até julho, o declínio foi de 3,7%, taxa que não será revertida sem forte aceleração do crescimento. Teríamos de ampliar a evolução da indústria para níveis superiores a 2% a cada mês para que seja obtido um desempenho nulo no encerramento do ano. Nas tendências recentes do setor há alguma indicação de que tal reviravolta possa ocorrer?

É difícil, mas certas mudanças alimentam uma expectativa bem mais favorável no futuro próximo. No segmento de bens duráveis, o crescimento voltou em razão das medidas de incentivo ao consumo de veículos, linha branca e móveis introduzidas pelo governo. A prorrogação do subsídio até o fim do ano (outubro para automóveis) e o retorno gradativo do crédito ao consumidor deverão assegurar a renovação do dinamismo nesse caso.

Em bens de consumo corrente (bens não duráveis e semiduráveis) houve novo retrocesso da produção em julho. No entanto, é da maior relevância a gradual retomada da produção de alimentos, indústria com elevada presença em todas as regiões do País e muito empregadora de mão obra. Em bens de capital, a produção evolui por dois meses consecutivos, o que não apenas é favorável para a indústria, mas é revelador também de que o investimento na economia está melhorando após um prolongado declínio.

Os pontos acima levantados são relevantes, mas o fato novo trazido pelos mais recentes dados industriais está na volta ao crescimento em bens intermediários, cujo declínio se arrastava por quatro meses. O que notabiliza a atividade industrial é o seu poder de espalhar para os segmentos da própria indústria e demais setores da economia um determinado estímulo de demanda, potencializando o crescimento econômico.

Pois bem, tal poder deriva da existência de um desenvolvido e diversificado segmento de bens intermediários. A importação tem levado para benefício da produção no exterior um pedaço relevante dessa engrenagem, mas as últimas indicações são de que há uma reexpansão de ramos nacionais que formam a base de várias cadeias produtivas, a exemplo de produtos químicos, metalurgia básica (incluindo aço), borracha e plástico e minerais não metálicos.