Título: Governo aciona térmicas para enviar energia ao Nordeste
Autor: Abreu, Beatriz ; Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/09/2012, Economia, p. B6

Medida tem como objetivo preservar os reservatórios das hidrelétricas por causa do tempo seco no País

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) acionou térmicas para despachar 2.500 megawatts (MW) para o Nordeste. Segundo o diretor geral do órgão, Hermes Chipp, a medida visa a garantir a manutenção dos reservatórios das usinas hidrelétricas até novembro, quando se encerra o período seco. Ele não descartou, porém, que o volume cresça nos próximos meses.

"O objetivo é evitar que o armazenamento caia muito", declarou, após participar de seminário sobre o futuro do sistema elétrico realizado pela Coppe, no Rio. A meta do nível dos reservatórios para novembro é de 33% no Nordeste e de 41% no Sudeste. "Quando a transição do seco para o úmido demora um pouco, como está acontecendo neste ano, você tem de gerar mais térmicas." Em anos de incidência do fenômeno climático El Niño, a geração por térmicas tende a ser maior.

Por isso, a expectativa é de que o volume despachado em 2012 deva superar o de 2011, disse o executivo, sem especificar de que proporção será o aumento. Segundo Chipp, a capacidade de geração térmica do País hoje é de aproximadamente 15 mil MW. O acionamento das térmicas vai fazer com que a energia chegue mais cara às residências e às indústrias, explicou o diretor-geral do ONS.

Os custos dessa geração são superiores aos de outras fontes e devem ser repassados aos consumidores. Ele questionou as restrições feitas no País à implementação de térmicas a carvão. Argumentando que existem hoje tecnologias menos poluidoras para esse tipo de energia, Chipp avaliou que dobrar a capacidade dessa fonte no Sul, região que frequentemente tem problemas de abastecimento, equivaleria a apenas uma pequena parcela do que a China põe de geração a carvão em sua matriz anualmente.

O executivo também defendeu novas regras para o planejamento da infraestrutura de transmissão e distribuição, para evitar casos como o dos parques eólicos no Nordeste que ficaram prontos, mas não dispunham de linhas para enviar a energia.

Chipp defendeu que a transmissão vinculada a projetos de PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas), biomassa e parque eólicos - empreendimentos que levam menos tempo para sair do papel - deve ser definida antes dos leilões da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). "Isso precisa ser agilizado", disse ele.