Título: Horas antes de discurso, Caixa e BB cortam juros ao consumidor
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/09/2012, Economia, p. B1

Caixa reduziu taxa anual do rotativo em até 52%; já o BB reduziu as taxas para parcelamento em cerca de 30%

Horas antes de a presidente Dilma Rousseff cobrar, em cadeia nacional de televisão, o corte nas taxas de juros ao consumidor, o Banco do Brasil (BB) e a Caixa anunciaram cortes nas taxas dos cartões de crédito.

O expediente seguiu o mesmo roteiro inaugurado em 3 de abril, quando BB e Caixa iniciaram o movimento de reduzir o custo de diferentes linhas de crédito. No dia anterior, Dilma havia aproveitado a cerimônia de ampliação do plano Brasil Maior para cobrar publicamente os bancos a cortarem os juros.

O BB reduziu as taxas para o parcelamento das faturas dos cartões de crédito Ourocard em cerca de 30% - do intervalo de 2,88% a 5,70% ao mês para 1,94% a 3,94% ao mês.

A medida anunciada ontem já vale para as faturas com vencimento a partir do próximo dia 17, uma segunda feira.

Já a Caixa reduziu a taxa anual do rotativo dos cartões de crédito em até 52%, mas com prazo de validade: a medida, que vale para todos os clientes do banco, termina em 31 de dezembro. Já a taxa anual cobrada quando o pagamento com o cartão de crédito é parcelado foi reduzida em até 36,87%.

As novas taxas oferecidas pela Caixa estão disponíveis para compras feitas desde o início deste mês, lançadas nas faturas a partir de outubro. O prazo de parcelamento é de até 36 meses.

O movimento de queda nas taxas de juros tem sido possível devido aos níveis reduzidos de inadimplência, afirmou ao Estado o vice-presidente do Banco do Brasil para Novos Negócios, Atacado e Mercado de Capitais, Paulo Caffarelli.

Calote. Enquanto a inadimplência do setor financeiro como um todo estava em de 3,78% em julho, segundo dados do Banco Central (BC), as contas em atraso no BB no mesmo mês representavam 1,77%.

Se levado em consideração o critério de BB amplo, que contabiliza também as operações geradas pela parcela de 50% detida pelo BB no Banco Votorantim, a taxa de inadimplência era de 2,15%.

Como antecipou ontem a Agência Estado, o estoque de crédito do BB acumulou R$ 516,8 bilhões entre janeiro e agosto deste ano. Até então, o banco divulgara em seu balanço mais recente que o saldo atingira R$ 508,1 bilhões no primeiro semestre de 2012.

Estoque de crédito. O BB estima que os contínuos cortes nas taxas de juros vão levar o estoque de operações de crédito a R$ 560 bilhões no fim do ano - alta, se confirmada, de 20% ante os R$ 465 bilhões registrados em dezembro do ano passado.

O forte crescimento no crédito tem ocorrido mesmo com a desaceleração da economia do País.

Enquanto o mercado estima que a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dificilmente atingirá um avanço de 2% entre 2012 e 2011, numa taxa ainda menor que a alta de 2,7% registrada entre o ano passado e 2010, o BB, diz Caffarelli, tem aproveitado "todos os caminhos para crescer forte".

Entre os caminhos descritos pelo vice-presidente do Banco do Brasil estão a troca de dívidas dos clientes. Isto é, o consumidor tem aproveitado as taxas de juros menores para zerar o crédito tomado a bancos com juros maiores.

"Nossa missão tem sido dupla", diz Caffarelli, "porque priorizamos o corte nos juros e, uma vez conquistado o novo cliente, oferecido uma gama de serviços para mantê-lo num banco, num cenário de grande concorrência".