Título: Líder do cartel do Golfo é preso
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Fonte: O Estado de São Paulo, 14/09/2012, Internacional, p. A14

Governo mexicano anuncia captura de 'El Coss' a menos de 3 meses da posse de Enrique Peña Nieto

A Marinha mexicana prendeu ontem um dos mais procurados narcotraficantes do país. Jorge "El Coss" Costilla era chefe do cartel do Golfo, um dos principais grupos criminosos do México. Para analistas, sua detenção é uma importante vitória para o presidente Felipe Calderón, a menos de três meses da posse do presidente eleito Enrique Peña Nieto, do Partido Revolucionário Institucional (PRI).

El Coss foi apresentado à imprensa na manhã de ontem, quando a Marinha forneceu detalhes sobre a sua captura. Um funcionário do governo disse que o traficante, de 41 anos, foi detido sem resistência em Tampico, no nordeste do país, onde o cartel atua. O Departamento de Estado dos EUA oferecia US$ 5 milhões por sua captura.

Analistas consideravam Costilla o terceiro homem mais perigoso do México. Além do chefe do tráfico, foram presos cinco de seus comandados diretos. Ex-policial, ele entrou no crime organizado nos anos 90.

Na semana passada, a Marinha havia capturado outro dirigente do cartel do Golfo, Mario Cárdenas, conhecido como El Gordo. As prisões mostram que o grupo está cada vez mais enfraquecido.

O cartel do Golfo já foi considerado um dos mais importantes do país. Durante muito tempo, ele controlou o transporte de drogas na fronteira dos EUA com o Estado mexicano de Tamaulipas.

Em 2010, porém, começou um confronto com seu braço armado, os Zetas, e passou a perder território. A rivalidade entre os dois grupos cresceu tanto que o cartel do Golfo se aproximou do de Sinaloa, que controla o oeste do país, para formar uma aliança contra o inimigo comum, os Zetas.

Consequências. A captura de Costilla tende a aumentar o poder dos outros dois grandes cartéis do México. "É o início de uma nova configuração do crime organizado no México, com o enfraquecimento dos demais cartéis e o fortalecimento dos de Sinaloa e dos Zetas", avalia Guadalupe Correa, especialista em narcotráfico da Universidade do Texas.

A guerra às drogas promovida no país desde 2006 por Calderón, do Partido da Ação Nacional (PAN), deixou mais de 60 mil mortos. Peña Nieto assumirá a presidência em 1.º de dezembro. / AFP