Título: Barroso quer federação de Estados na UE
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/09/2012, Economia, p. B15

Europa precisa se tornar uma "federação de Estados nacionais" para superar a crise econômica atual e continuar sendo uma potência global, afirmou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, no discurso anual do Estado da União sobre o futuro político da União Europeia. Barroso também apresentou os planos para transformar o Banco Central Europeu (BCE) no supervisor bancário da Europa e criticou a forma como os líderes regionais têm lidado com a crise da zona do euro.

As ideias apresentadas no discurso podem mudar radicalmente a UE. "Nós precisaremos nos mover em direção a uma federação de Estados nacionais. Esse é o nosso horizonte político. Isso precisa guiar o nosso trabalho nos anos que virão", declarou Barroso.

Segundo a autoridade, a comissão vai apresentar neste ano um plano para uma integração fiscal e econômica mais profunda, que será a base para uma revisão sobre os próximos passos que será feita pelo presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.

Barroso destacou que mudanças nos tratados básicos da UE são inevitáveis e que a comissão terá ideias detalhadas para isso antes das eleições para o Parlamento Europeu, em 2014. A autoridade também pediu

Embora Barroso tenha destacado que não quer criar um "superestado" europeu, uma federação exigiria muito mais uniformidade fiscal, política e monetária em todos os 27 países da UE, e não apenas nos 17 países da zona do euro.

Isso provavelmente enfrentará resistência de alguns governos, como o do Reino Unido, onde a população é mais favorável à repatriação dos poderes de Bruxelas do que o contrário.

Barroso delineou os planos para um supervisor único para todos os bancos da zona do euro, o que permitirá que alguns bancos tenham acesso rápido aos fundos de resgate emergenciais europeus.

A proposta dá ao BCE a autoridade para emitir e revogar licenças bancárias e ao mesmo tempo garantir que os bancos cumpram exigências de capital, alavancagem e liquidez. O BCE também teria poder para fazer intervenções quando um banco descumprir as exigências. A comissão pediu que os parlamentares europeus adotem a proposta até o fim deste ano.

Com relação à forma como os líderes europeus vêm lidando com a crise da zona do euro, Barroso foi crítico, dizendo que eles chegam a acordos durante cúpulas e depois se afastam do que foi acertado. A autoridade pediu que os países mais ricos demonstrem disposição para agir nos interesses de todo o bloco. A Europa precisa de um "acordo decisivo" para solucionar a crise, alertou. / DOW JONES NEWSWIRES