Título: Índice do BC aponta alta de 0,42% no PIB em julho
Autor: Cucolo, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2012, Economia, p. B8

Crescimento ficou abaixo do 0,61% de junho, mas acumulado de 3 meses indica retomada

Um dia depois de reduzir a previsão de crescimento do País para 2% neste ano, o governo divulgou um dado que mostra mais um mês de recuperação da atividade econômica. De acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), a economia brasileira cresceu 0,42% em julho, pouco abaixo do 0,61% verificado em junho.

Apesar da desaceleração, a maioria dos analistas destaca que esse foi o segundo mês de bons resultados e avalia que agosto deve consolidar a impressão de que o Brasil começa a apresentar sinais de recuperação.

Em 12 meses, o indicador registrou alta de 1,24%. Nos últimos três meses, no entanto, o crescimento anualizado é quase o dobro disso.

O dado de julho veio acima das previsões do mercado financeiro, que esperava um resultado mais fraco da venda de veículos nos segundo mês em que vigorou a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Mas a venda no mês foi recorde. O desempenho do setor de veículos está também entre os motivos apontados para o resultado mais forte esperado para agosto.

De acordo com a consultoria LCA, julho foi o segundo mês consecutivo em que o IBC-Br apresentou variação significativa, depois de praticamente "andar de lado" entre meados de 2011 e meados de 2012. A LCA projeta expansão de 0,9% para o indicador em agosto. Essa expectativa tem como base um crescimento maior esperado para indústria e o comércio e dados de atividade e confiança já divulgados em relação ao mês passado.

O Itaú Unibanco, que tem seu próprio indicador mensal de atividade, projeta um crescimento de 0,7% em agosto, também com base em dados preliminares que apontam para expressiva alta da atividade no mês. Para a instituição, depois de crescer apenas 0,4% no segundo trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve se expandir 1,2% no trimestre atual.

Um crescimento nesse patamar está dentro da expectativa do governo de terminar 2012 com crescimento trimestral anualizado acima de 4%.

Para o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal, o dado mostra que a economia do País está reagindo às medidas de estímulo tomadas pelo governo federal e isso significa que não haverá corte da Selic em outubro. "O cenário traçado pelo Banco Central e pelo Ministério da Fazenda, de crescimento anualizado de 4% ao final de 2012, está se mostrando verdadeiro."

O economista do Banco Votorantim Alexandre Andrade afirmou que o crescimento de julho foi concentrado nos setores beneficiados pelo governo, mas disse esperar que, nos meses restantes do segundo semestre, a recuperação se espalhe para outros setores. Para agosto, o banco prevê aumento do IBC-Br de 0,8% sobre julho. / COLABOROU WLADIMIR D"ANDRADE