Título: Dólar cai 0,39% mesmo após intervenção do BC
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2012, Economia, p. B11

Moeda americana foi cotada a R$ 2,011; dólar está sofrendo pressão de baixa depois dos estímulos anunciados pelo banco central dos EUA

A atuação mais forte do Banco Central no mercado de câmbio, fazendo dois leilões de swap cambial reverso, não foi suficiente para impedir que o dólar fechasse em queda ante o real ontem pela segunda sessão seguida.

A moeda norte-americana encerrou a sexta-feira com desvalorização de 0,39%, cotada a R$ 2,0111 na venda.

O dólar está sofrendo maior pressão de baixa depois do anúncio de medidas de estímulos monetários nos Estados Unidos na quinta-feira, o que pode representar mais fluxo para o Brasil.

Na quinta-feira, o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) prometeu comprar US$ 40 bilhões em dívida hipotecária por mês até que as perspectivas de emprego melhorem substancialmente nos Estados Unidos.

O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA deverá crescer 2% em 2012. Em agosto, a taxa de desemprego foi de 8,1% e a expectativa é que ela feche o ano entre 8% e 8,2%

As intervenções do BC doméstico, no entanto, ainda estão conseguindo manter a moeda acima do patamar de R$ 2 e o mercado deve ficar atento a possíveis novas atuações da autoridade monetária para defender esse nível.

"É natural que o dólar continue a cair com uma melhora lá fora e o mercado não contrarie essa tendência. O BC fez o primeiro leilão e depois o dólar voltou a acompanhar o cenário externo, então ele fez o segundo, só que a demanda foi pequena", disse o operador de câmbio da Renascença Corretora José Carlos Amado.

Leilão. O BC realizou pela manhã um leilão de swap cambial reverso - operação que equivale à compra de dólares no mercado futuro -, na qual vendeu quase toda a oferta de até 36 mil contratos.

Com esse leilão de swap reverso e outro já feito na quarta-feira, o BC anulou o valor de US$ 1,8 bilhão de contratos de swap cambial tradicional que venciam em 1.º de outubro e ainda ofertou mais contratos para um novo vencimento.

Mesmo assim, a atuação não foi suficiente para segurar a queda do dólar.

A autoridade monetária, então, voltou a atuar com mais força, dessa vez ofertando até 70 mil contratos de swap reverso à tarde. A demanda, no entanto, foi menor nessa operação, com a venda de apenas de 7.400 contratos, o que fez a moeda voltar a acelerar suas perdas frente ao real.

"O mercado não mostrou tanto interesse nos contratos, talvez os investidores estejam esperando para ter uma leitura melhor do cenário e ver como ficará o fluxo", avalia o operador Amado.

Mesmo com a moeda mantendo a queda, o mercado ressalta a determinação do BC e do governo em impedir que o dólar caia abaixo de R$ 2, visto como um piso informal da moeda para o mercado, e não descarta novas atuações, até por meio de outros instrumentos, como a compra de dólares à vista ou a termo.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que o governo continuará atuando no câmbio para garantir uma taxa competitiva para a indústria brasileira enquanto outros países não adotarem um regime cambial flexível.

Na véspera, ele havia dito que o governo tem um "arsenal de medidas" para evitar a valorização do real. / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS